O olhar para as prateleiras deixam evidente a perplexidade dos consumidores diante do aumento de preços de vários produtos nos supermercados. Aumentos que afastam do carrinho de compras diversos ítens, como carnes, queijo, bebidas e até produtos de higiene pessoal.
O pintor José Augusto, ganha cerca de um salário mínimo por mês, vai ao supermercado do bairro Alto do Sumaré, em que ele reside e reclama dos preços: "Está tudo muito caro. Tá difícil comprar algumas coisas porque subiram de preço e o salário da gente não acompanha", revela o trabalhador autônomo com semblante de desânimo.
O humor da inflação no Brasil também não é dos melhores. O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial, fechou 2022 com uma taxa de 5,79% acumulada no ano. O índice ficou abaixo dos 10,06% acumulados em 2021, segundo dados divulgados hoje (10) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mas ainda assim, é alto demais para as famílias de menor renda.
A inflação acumulada de 2022 foi puxada principalmente pelos alimentos e bebidas, que tiveram alta de preços de 11,64% no ano, acima dos 7,94% de 2021. Também tiveram impacto importante os gastos com saúde e cuidados pessoais, que ficaram 11,43% mais caros. O grupo de despesas vestuário, por sua vez, teve a maior variação no mês: 18,02%.
"A inflação faz o nosso poder de compra cair e isso é fácil da gente perceber quando fazemos a feira", disse a aposentada Hildete Costa, moradora do Costa e Silva.
Apesar de ainda ser uma realidade desagradável nas gôndolas dos mercados e que ajudou a trazer de volta a fome para os lares de milhões de brasileiros. Os números da inflação do ano passado, trazem tendências de queda. Após ser o vilão da inflação com aumentos seguidos por meses, os combustíveis elevaram os custos de frete e isso foi repassado para os consumidores, mas com algumas reduções de preço nas bombas, houve deflação em alguns produtos.
Os transportes ajudaram a frear o IPCA de 2022, ao registrar deflação (queda de preços) de 1,29% no ano. Esse grupo de despesas havia acumulado inflação de 21,03% no ano anterior (2021).
O grupo comunicação também fechou o ano com deflação: -1,02%. Os demais grupos apresentaram as seguintes taxas de inflação no ano: artigos de residência (7,89%), despesas pessoais (7,77%), educação (7,48%) e habitação (0,07%).
A inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), ficou em 0,62% em dezembro de 2022. A taxa ficou acima do 0,41% do mês anterior mas abaixo do 0,73% de dezembro de 2021.
A maior alta de preços do mês veio do grupo saúde e cuidados pessoais (1,60%).