A agência de classificação de risco Fitch Ratings rebaixou a nota de crédito soberana do Brasil e, pela sua escala, o país perdeu o grau de investimento. A perspectiva da nota permanece negativa - o que significa que novos rebaixamentos podem ocorrer no futuro.
Essa é a segunda agência de classificação de risco a rebaixar o grau de investimento do Brasil - a Standard & Poor"s, em 9 de setembro, tinha retirado o selo de bom pagador do país quando passou sua nota de avaliação para BB+, nota de grau especulativo, ou "junk".
Segundo analistas, a decisão da Fitch se baseou no quadro recessivo mais severo que o previsto anteriormente, a deterioração das contas públicas e as crescentes incertezas no campo político. "A atual situação do país pode prejudicar ainda mais a capacidade do governo brasileiro de implementar as medidas fiscais que estabilizem o crescimento endividamento", afirma analistas.
"A deterioração do cenário doméstico aumenta os desafios para que as autoridades consigam fazer correções que deem apoio à confiança e melhorem as perspectivas de crescimento, de consolidação fiscal e de estabilização da dívida pública", diz o relatório dos analistas.
"O aumento das taxas de desemprego, restrições do crédito, piora da confiança e inflação alta estão pesando sobre o consumo", enquanto as incertezas políticas, as dificuldades do setor de construção e as consequências das investigações sobre a corrupção na Petrobras têm diminuído os investimentos, resume o documento.
A Fitch Ratings não descartou um novo rebaixamento da nota soberana do país e entre os principais fatores que podem levar a isso, estão o fracasso na tentativa de conter o titmo de aumento da dívida pública. Além disso, se a recessão piorar e se prolongar ainda mais, poderá abrir espaço para instabilidades sociais e políticas.
Para os analistas da agência, o início do processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff eleva as incertezas do ambiente político, que já está complicado, e leva a um impasse prolongado. "O resultado do processo é incerto", diz o texto. "A Fitch acredita que isso prejudicaria a execução oportuna e eficaz de ajustes fiscais corretivos."