O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, autorizou o emprego da Força Nacional de Segurança Pública (FNSP) no município de Mossoró (RN), nesta segunda-feira (19). Serão enviados 100 homens e 20 viaturas para a região. Não especificou quando. As buscas pelos dois fugitivos da Penitenciária Federal localizada na cidade chegam nesta terça-feira, 20, ao sétimo dia.
O pedido para o emprego da Força Nacional partiu do diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues. A medida teve a concordância da governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra. A Polícia Federal, além de está atuando fortemente com sua estrutura de inteligência, também conduz as investigações para descobrir, como de fato os presos conseguiram sair das celas de castigo e fugir do presídio tido como de segurança máxima.
A tropa da Força Nacional se somará aos cerca de 500 agentes da Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Penal Federal e das forças locais que atuam na operação de recaptura dos detentos Rogério da Silva Mendonça, de 36 anos, conhecido por Martelo, e Deibson Cabral Nacional, de 34 anos, conhecido por Tatu, que , juntos, são condenados a mais de 150 anos de prisão no Estado do Acre-AC, de onde são naturais.
As autoridades têm motivos para acreditar que Tatu e Martelo, nos primeiros quatro dias após a fuga, estavam desorientados. Isto porque os investigadores encontraram indícios de que eles roubaram roupas e comida de uma casa na localidade do Rancho da Caça, que fica distante 5 km do local da fuga. Em seguida, os dois teriam voltado para as imediações da Penitenciária Federal.
Neste local, invadiram uma residência, fizeram um casal refém, se identificaram como fugitivos da Penitenciária Federal, pediram alimentos, para ver as redes sociais, as notícias nos veículos de comunicação e fugiram levando frutas e alimentos, novamente para a região de mata. Eles teriam pedindo orientações de onde estavam, pois estavam completamente desorientados.
Após esta "conversa" com as vítimas nesta casa perto da Penitenciária Federal, os dois teriam empreendido fuga por dentro do mato, numa região de vegetação fechada, com dezenas de assentamentos, com acessos vicinais, na direção do município de Baraúna-RN. No domingo, 18, a Polícia chegou a fazer uma operação na localidade de Primavera, que fica distante cerca de 20 kms do início da fuga, já dentro do território de Baraúna.
O MOSSORO HOJE fez contato com os moradores de diversos assentamentos rurais da região da Serra do Mossoró, Alagoinhas, Maísa, assim como também das comunidades ao sul do Presídio Federal, que são todas interligadas por estradas vicinas. Eles contaram que estão assustados principalmente porque não existe patrulhas da Polícia dentro segurança a eles neste perímetro de fuga dos bandidos delimitado pelo Ministério da Justiça.
Ainda conforme as fontes do MH, o trabalho de patrulhamento é muito intenso na RN 015, por onde passa número enorme de caminhões carregados com frutas e cimento, produzidos nas localidades rurais de Baraúna. Nestas regiões, os moradores falaram que estão assustados e que seria bom que o Estado enviasse patrulhas para ficar 24 horas nestas comunidades dando segurança aos moradores.
Buscas sem data para acabar
O ministro Ricardo Lewandowski, quando esteve em Mossoró neste domingo, 18, declarou que a força tarefa com mais de 300 homens (agora ele fala em 500) vai continuar até recapturar os dois fugitivos. Para os investigadores, o trabalho é complexo, especialmente por se desenvolver em um terreno formado por matas, dezenas de fazendas de produção de frutas e, também, de grutas, na região da Reserva Nacional Furna Feia.
As estradas estão sendo monitoradas pela Polícia Rodoviária Federal, mas existem vias vicinais de acesso a dezenas de assentamentos rurais e fazendas de fruticultura irrigada, o que dificulta o trabalho.
As autoridades não falam sobre o assunto, mas não estão mais fazendo buscas somente num raio de 15 km. Os helicópteros e dezenas de viaturas realizam barreiras, ao menos na RN 015, perto da localidade de Formigueiro, que fica nas imediações da Fábrica de Cimento Mizu, em Baraúnas, distante cerca de 40 km da localidade de Riacho Grande, onde aconteceu a fuga.
A prioridade do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) é encontrar o mais rapidamente possível os fugitivos e investir pesado para corrigir todas as famílias que resultaram na primeira fuga de uma penitenciária federal no Brasil. A Polícia Federal também está empenhada na ação desde o início, empregando todos os meios materiais e investigativos para localizar os criminosos e elucidar, com precisão, como ocorreu a fuga.
Segurança
Em relação às cinco unidades de presídios federais que o país possui, algumas medidas de fortalecimento da segurança já foram estabelecidas. Ao mesmo tempo, há duas investigações em curso. Uma delas, de caráter administrativo, para apurar as responsabilidades da fuga e que podem levar a um processo administrativo. Ela está sob a liderança do titular da Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen), André Garcia.
Também há um inquérito no âmbito da Polícia Federal para apurar eventuais responsabilidades de natureza criminal das pessoas que, eventualmente, facilitaram a fuga dos dois detentos da penitenciária.