O médico Jeancarlo Fernandes Cavalcante, ex-presidente do Conselho Regional de Medicina afirmou, em entrevista ao Mossoró Hoje nas Ondas do Rádio, ter preocupações sobre a formação de novos médicos no país.
Segundo ele, o Brasil está passando vivenciando uma abertura indiscriminada de escolas médicas, que estão colocando no mercado profissionais sem a qualificação necessária para cuidar da vida do cidadão brasileiro.
Segundo dados do Ministério da Educação, até o ano de 2020, o Brasil contava com 357 escolas médicas que, juntas, ofereciam 37.823 vagas de graduação. No mesmo ano, o país registrava a marca inédita de meio milhão de médicos ou 2,4 médicos por mil habitantes.
“Nós temos mais escolas médicas do que a Índia, por exemplo, que tem 1 bilhão e 600 bilhões de habitantes. Então, isso é uma preocupação muito grande”, disse Jeancarlo, que é formado pela UFRN, mestre e doutor em Ciências da Saúde, professor associado da UFRN e advogado.
Ele explica que não é contra a abertura de novas escolas médicas, mas que essas escolas sejam de boa qualidade, que é justamente o que não vem acontecendo.
Segundo ele, por lei, uma universidade precisa seguir alguns critérios para abrir um curso de medicina, entre eles, ter um hospital universitário e ter dois leitos de SUS para cada estudante de medicina na cidade.
“A proliferação indiscriminada de escolas médicas, com uma formação muito aquém da necessária é um risco à sociedade, porque se a gente oferece um profissional mal formado, esse profissional é um risco à saúde da população e isso é uma preocupação”, disse.
O médico, que atualmente ocupa a 1ª Vice-Presidência do Conselho Federal de Medicina (gestão 2019-2024) e coordena o Departamento de Relações Internacionais e a Comissão de Estratégia Jurídica, informou que estão trabalhando em um projeto de lei para criar o exame de ordem, o exame de proficiência, assim como acontece na advocacia, com a Ordem dos Advogados do Brasil, o objetivo é se certificar que os novos médicos tenham condições de atuar.
“É o próximo passo. Vai ser uma maneira que a gente vai ter de filtrar os bons profissionais, dos profissionais mal formados. Esses que não foram aprovados na prova vão poder ter a chance de se reciclarem, de fazer, de melhorarem, antes de entrar no mercado e atender. Porque muitas vezes, ou quase sempre, o recém formado, vai atender a parte mais vulnerável da população. Eles vão trabalhar no programa de saúde da família, saúde base, digamos assim. A atenção primária é saúde. Então a gente precisa, é uma preocupação que logo, logo a sociedade vai sentir o peso desses profissionais que não estão sendo bem formados. Se já não já tiver sentindo”, concluiu.