28 MAR 2024 | ATUALIZADO 14:30
MOSSORÓ
Da redação
07/01/2016 07:48
Atualizado
12/12/2018 16:19

Polícia e CRM investigam boicote no atendimento médico nas UPAs

Documentos obtidos com exclusividade pelo Mossoró Hoje apontam que médico Gledson Cavalcante lidera movimento para boicotar o atendimento nas três Unidades de Pronto Atendimento de Mossoró.
Reprodução

O médico Gledson Emanuel de Oliveira Cavalcante, conforme documentos que o MOSSORO HOJE teve acesso com exclusividade, lidera movimento para boicotar o atendimento nas três Unidades de Pronto Atendimento (UPAS) de Mossoró do dia 15 de dezembro de 2015 ao dia 6 de janeiro de 2016, coagindo, constrangendo e assediando moralmente os colegas médicos.

O serviço médico nas UPAs em Mossoró é prestado pela empresa SAMA, que possui mais de 180 médicos associados. Conforme o contrato, a SAMA garante quatro médicos nos horários de pico e três médicos nos horários de menor movimentação nas UPAs. Ainda conforme o contrato, o serviço só pode parar se passar mais de 90 dias sem pagamento.

A ação articulada do médico Gledson Emanuel de Oliveira Cavalcante estava sendo mantida no ambiente interno dos médicos, precisamente em seu grupo de WhatsApp e reuniões presenciais. Entretanto, o clima ficou tenso quando o grupo de médicos liderados por ele começou a se articular para prejudicar, propositalmente, as pessoas no atendimento nas UPAs.

Gledson cobrava dos colegas para atender devagar e em alguns momentos pararem, prejudicando as pessoas. “É p atender de 2, mas lento”; “pode juntar mil lá fora”, orientou o médico em uma de centenas de mensagens enviadas no grupo de WhatsApp e que estão em poder da Polícia Civil e do Conselho Regional de Medicina e do Ministério Público Estadual.

Informado oficialmente do ocorrido e cobrado pelos diretores das três unidades para encontrar uma solução, o médico e diretor da SAMA, Francisco Diego Costa Dantas, emitiu um alerta no dia 22 de dezembro no site da instituição:

“Sublinhamos que qualquer caso de coação, constrangimento ou assédio a qualquer sócio desta empresa que chegue ao nosso conhecimento será tratado com a maior atenção pelo Colegiado da Diretoria, Diretoria Executiva e apoio administrativo, especialmente o corpo jurídico, sendo imediatamente fundamentado e encaminhado para devida apuração pelos órgãos competentes”.

Os ataques de Gledson Cavalcante continuaram e mais fortes, desta vez atingindo a honra do diretor da SAMA, Diego Dantas. Nas UPAs o clima estava ainda mais tenso:

“Soubemos que o mesmo (Gledson Cavalcante) criou um grupo paralelo de Whatsapp contendo os médicos que trabalham nas Unidades de Pronto Atendimento que somos diretores como mais uma tentativa de forçá-los a entregar seus plantões”, informa o documento assinado pelos médicos Rodolfo Maciel de Melo Martins, Gustavo Henrique Dantas da Cunha e Francisco André Régis Jr.

E quando havia qualquer resistência dos demais médicos das UPAs, o médico Gledson Cavalcante não media as palavras para coagir, constranger e reforçar o assédio. “Então somos covardes, mercenários e jegue. Covarde pq n entregamos a escala; mercenário pq se receber um mês fica td em dia e jegue pq trabalhamos de graça e sem reconhecimento”.

Gledson Cavalcante passou a articular uma lista de médicos para saírem da escala e assim fechar as UPAs, prejudicando milhares de mossoroense, mesmo sendo ciente que não poderiam parar os serviços, pois assim estariam ferindo a legislação. A partir deste momento, Gledson numa sequência de mensagens aos colegas, começa a pressionar para os médicos plantonistas assinarem um documento para não comparecer ao trabalho.

Além do clima tenso internamente (acusações mútuas), as notícias de atendimentos ruins nas UPAs pipocaram nos blogs de Mossoró, quase sempre com Gledson Cavalcante como protagonista. Denunciava principalmente o fechamento das unidades a partir do dia 1 de janeiro de 2016 se a Prefeitura de Mossoró não atualizasse os repasses.

Quando um grupo de mais ou menos 10 médicos assinaram o documento para boicotar o atendimento, Gledson Cavalcante escreveu: “Rapaz to quase gozando mentalmente de felicidade”. “Pode deixar que vou pegar a assinatura de cada um”, acrescentou o médico.

O médico Gledson Cavalcante foi convidado pela diretoria da SAMA a deixar os quadros da instituição. Ele aceitou, porém, continuou com o mesmo “trabalho” junto aos demais profissionais médicos, querendo, não só parar o serviço até o pagamento, mas de forma definitiva, assim promover o caos no sistema de saúde de Mossoró.

A direção da SAMA, para não incorrer em quebra de contrato com a Prefeitura Municipal de Mossoró, multa rescisória milionária e principalmente evitar que a população fosse prejudicada em função dos ataques, coações, assédio moral e por pararem os serviços, emitiu um memorando interno 115/2015 com os seguintes termos:

“Solicitamos aos colegas médicos que desejarem sair das escalas dos serviços de janeiro (de 2015) o façam com antecedência mínima de 10 (dez) dias, a fim de que os Diretores Técnicos das Unidades providenciem as devidas substituições evitando instabilidade nos serviços”.

Neste mesmo documento, assinado pelos diretores da SAMA, constava o pagamento dos honorários referentes ao mês de setembro de 2015 e alertando para que os associados cumprissem o contrato no prazo previsto em lei até 1º de fevereiro de 2015. “Só podemos rescindir contrato após noventa dias sem repasse”, destaca a diretoria.

Apesar do ataque constante com assédio moral, coação e constrangimento, os serviços continuaram nas UPAs. Os médicos resistiram aos ataques de Gledson.

Neste dia 6 de janeiro, o diretor da SAMA Francisco Diego Costa Dantas registrou Boletim de Ocorrência contra o médico Gledson Cavalcante na 2ª Delegacia de Polícia, no bairro Nova Betânia, em Mossoró. O caso será investigado em inquérito policial.

Além de inquérito policial, o caso também foi denunciado ao Conselho Regional de Medicina. Diante do que foi relatado, o documento requer abertura de processo disciplinar contra o médico Gledson Cavalcante, devendo o mesmo ser responsabilizado disciplinarmente por colocar em risco o serviço médico e dignidade da própria profissão.

Outro lado

Ao MOSSORÓ HOJE, o médico Diego Dantas disse que não ia comentar o caso e que agora cabe a polícia e o CRM investigarem e adotarem as medidas cabíveis.

A Secretaria de Saúde Leodise Cruz, de Mossoró, disse que a Prefeitura contratou os serviços da SAMA e espera o contrato ser cumprido conforme previsto. Sobre os pagamentos, aguarda recursos na Prefeitura agora no início de 2016 para quitar o débito.

O médico Gledson Cavalcante não atendeu as ligações.  

Notas

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