21 SET 2024 | ATUALIZADO 18:26
POLÍCIA
Da redação
30/01/2016 09:32
Atualizado
13/12/2018 10:54

Psiquiatra diz que famílias vítimas de violência precisam de apoio profissional

Médico Genário Freire se referindo á família de Luiz Justino, narrada na edição impressa do MOSSORO HOJE desta semana, mas que é um cenário real em milhares de famílias em Mossoró, RN.
Cezar Alves

O psiquiatra Genário Freire, consultado pelo MOSSORÓ HOJE a respeito do quadro de desestruturação das famílias a partir do assassinato de um membro, disse que é preciso que estas famílias recebam apoio para se reestruturarem. “É possível? Sim. Fácil? Não”. Freire disse que o caminho, no geral, são as familias cultivarem o sentimento do perdão, do amor, e procurarem fugirem do sentimento de vingança, que só leva a prisão, a morte e a mais violência.

O MOSSORÓ HOJE destacou o quadro de destruição no seio família em reportagem publicada na edição do Jornal Impresso, que chegou as ruas nesta sexta-feira, 29. Para visualizar a edição impressa no online basta acessar www.mossorohoje.com.br.

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Genário Freire disse que falta apoio psicológico para as famílias vítimas de violência. É um trauma? É. Conforme o profissional, afeta não só a família da vítima, mas também a família de quem mata e as que estão próximas, que na grande maioria dos casos não tem envolvimento com o caso.

No caso específico narrado na reportagem contando a história de Luiz Justino e Cimário Rodrigues, foi uma sequência de falhas.

“Primeiro faltou apoio para este "senhor" que teve o rosto pintado e matou um menino para se vingar. Faltou apoio psicológico e de estrutura para a família do menino também”, destaca Genário Freire (foto à esq.)

Mesmo depois que o menino foi assassinado, a família de Luiz Justino e Cimária Rodrigues continuou morando mesmo no local, que fica vizinho à casa do assassino. Depois veio a Justiça, que aplicou uma pena que a família considerou injusta (6 anos de prisão).

Para o profissional, se existisse apoio psicológico o pai da criança (Luiz Justino) talvez não ficasse perambulando pelas ruas à noite. “Faltou apoio psicoterápico para que ele não se vingasse mantando o criminoso e terminasse preso”, acrescenta.

“Preso não diminui a dor da perda do filho e desestrutura ainda mais a família”, diz Genário Freire. De fato, Luiz Justino foi para a Audiência de Custódia e o juiz Patrício Lobo manteve a prisão em flagrante, confirmando o decreto de prisão preventiva, deixando-o preso.

Luiz Justino aguarda decisão judicial preso na Cadeia Público Mossoró. O advogado Diego Tobias, que assumiu o caso após a Audiência de Custódia que o manteve preso, disse que Luiz Justino reúne os pré-requisitos necessários para aguardar o julgamento em liberdade.

“É um cidadão que tem carteira assinada. É operador de máquinas. Estuda e frequenta regularmente as aulas. Nunca havia sido preso. Tem endereço fixo e em momento algum fez qualquer demonstração que vai fugir do distrito da culpa”, explica Diego Tobias (foto à dir.), que vai solicitar a liberdade do cliente ao juiz da 1ª Vara Criminal de Mossoró.

Ainda conforme o médico, a família de Luiz Justino, assim como tantas outras em Mossoró (município registrou de 2006 a 2015 cerca de 1,4 mil Crimes Violentas, Letais Intencionais (CVLI), precisa de apoio para se reestruturar psicologicamente.

No caso específico de Luiz Justino, o delegado Denis Carvalho, da Delegacia Regional de Mossoró, observa que ocorreu um encadeamento de erros e fatos que foram se acumulando. “É preciso não passar a mão na cabeça. É preciso que eles amadureçam com os erros e com o sofrimento”, destaca o delegado.

Para finalizar, Genário Freire, que conhece bem o sistema prisional do Rio Grande do Norte, por já ter trabalhado nele, disse que é preciso que se adotem providências para que Luiz Justino não se contamine na prisão e não saia de lá se sentindo vítima.

O psiquiatra alerta que é preciso que as famílias, no geral, cultivem mais o sentimento do amor, do perdão entre os iguais e procurem fugir do sentimento de vingança, que só leva a caminhos tortuosos, a prisão e até a morte, enfim, mais violência.

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