A opção pelo "não" à possibilidade de Evo Morales concorrer a um quarto mandato consecutivo na Bolívia começou na frente no referendo realizado no país ontem, domingo (21). Até as 8h de Brasília nesta segunda-feira, 25% dos votos haviam sido apurados.
Nesta amostra, o "não" vencia com 63,5% ante 36,5% do "sim", de acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O Tribunal, porém, não divulga a quais regiões bolivianas pertencem os votos já contabilizados.
Evo possui sua base de apoio no altiplano boliviano - onde está a capital, La Paz -, e a oposição é mais forte na região de Santa Cruz de la Sierra, no centro do país. Como não se sabe por onde a apuração começou, a possibilidade de fazer prognósticos diminui.
Apesar disso, duas pesquisas de boca de urna indicam vitória do "não". Se isso se confirmar, será a primeira derrota de Evo nas urnas desde que ele chegou ao poder, em 2006.
Segundo o instituto Ipsos, 52,3% dos bolivianos votaram "não" à mudança na Constituição que passaria a dar o direito a duas reeleições presidenciais, contra 47,7% do "sim". No levantamento do instituto Mori, o "não" teve uma vitória mais apertada, de 51% a 49%. As margens de erro não foram divulgadas.
O líder opositor Samuel Doria Medina, ex-candidato à Presidência derrotado por Evo, comemorou pelo Twitter: "Queriam que o povo decidisse, o povo já decidiu. Ganhou a Bolívia". Já o ministro de Autonomias, Hugo Siles, afirmou que os resultados eram preliminares e que se devia esperar pela contagem final.
O referendo constitucional foi convocado para decidir se deveria ser modificado o artigo 168 da Carta, que determina que os presidentes do país só podem concorrer a uma reeleição.
O TSE estimava que cerca de 80% dos mais de 6,5 milhões de eleitores aptos a votar compareceriam à eleição.
Derrota
O presidente da Bolívia, Evo Morales, disse estar preparado para uma derrota no referendo sobre a reforma constitucional que permitiria a ele disputar um quarto mandato. A declaração foi feita em uma entrevista concedida na Espanha, antes da realização da consulta. O Órgão Eleitoral Plurinacional (OEP) apontava que o não ao referendo saiu na frente nas apurações.
Indagado pelo jornalista do El País sobre se ficaria decepcionado com uma derrota, Molares respondeu: "Não, estou preparado. Com semelhante recorde, vou embora feliz para minha casa. Adoraria ser um dirigente esportivo", afirmou o presidente, que se encontra no poder desde 2006 e busca poder se candidatar a um quarto mandato (2020-2025).