O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que embarcou para Brasília nesta segunda-feira (28), afirmou mais cedo, em entrevista coletiva à imprensa internacional, que pretende conversar com interlocutores do PMDB para tentar contornar o desembarque da legenda do governo Dilma Rousseff, em reunião de sua executiva, marcada para esta terça-feira (29), em Brasília.
Lula disse que vê com "muita tristeza" a possibilidade de o PMDB deixar a atual gestão federal, mas relativizou o impacto dessa possibilidade, dizendo que é possível "haver uma espécie de coalizão", sem a concordância das pessoas da direção, evidenciando a possibilidade de tentar apoio na base da sigla. O ex-presidente irá acompanhado do presidente do PT, Rui Falcão.
No embarque, Falcão comentou com jornalistas e afirmou que "vai para Brasília conversar com muita gente do PMDB", destacando que pretende conversar principalmente com o vice-presidente da República, Michel Temer, presidente nacional do PMDB. De acordo com os jornalistas presentes, Lula disse conhecer bem o PMDB e falou que haveria uma espécie de reedição de 2003, quando o partido integrou sua gestão na Presidência da República.
Durante a entrevista com a imprensa internacional, o ex-presidente Lula disse que o juíz Sérgio Moro é uma pessoa "inteligente e competente", mas "foi picado pela mosca azul". O petista disse que não está longe o dia em que irão pedir desculpas a ele, segundo relato de jornalistas que participaram da entrevista. Ao comentar a divulgação dos áudios dos grampo, Lula classificou de "deprimente, pobre e de má-fé".
Sobre as manifestações contrárias ao governo, o ex-presidente falou que as pessoas que "enchem pixuleco" nunca votaram no PT e acusou a mídia de estar levando o Brasil a um clima semelhante ao da Venezuela. Na avaliação de Lula, segundo informações dos jornalistas estrangeiros, os pobres poderão ser os salvadores da pátria.
Lula disse também, a exemplo do que afirmou a presidente Dilma Rousseff para a imprensa internacional, na semana passada, que o impeachment sem base legal é golpe. "É importante não brincar com a democracia". Segundo o petista, estão usando "falsos arhumentos" para encurtar o mandato de Dilma.