O Congresso Brasileiro, recheado de corruptos, acaba de decidir por afastar a presidenta da república Dilma Rousseff, eleita em 2010 e reeleita em 2014, com alegação de que ela cometeu crimes fiscais e que isto teria levado o País a crise econômica.
Isto é o que a mídia brasileira divulgou em massa e o que os parlamentares ficaram repetindo o tempo todo para que uma inverdade fosse entendida como verdade. Deu certo. Os fatos reais foram criminosamente omitidos e no lugar foram divulgadas informações inverídicas.
Assista!
O golpe não foi só no governo Dilma. Este foi até menor e menos danoso. O golpe mais danoso e cruel foi no trabalhador brasileiro, que escolheu nas urnas o governo progressista e, numa decisão que fere de morte a democracia, implantaram um governo neoliberal.
No governo progressista, que o povo brasileiro escolheu, se governa para os pequenos estudarem, se desenvolverem e fazer o país crescer. Neste regime de governo, as estatais são utilizadas para gerar emprego e renda no País, a exemplo da Petrobras.
No neoliberalismo vigora o estado mínimo, ou seja, o governo concentra investimentos nas grandes corporações, para que estas cresçam ainda mais, gerem empregos e assim faça crescer o País. Neste regime de governo, todas as estatais são privatizadas.

O regime neoliberal se caracteriza também por privatizar os serviços de saúde, educação, segurança, entre vários outros. A ideia de estado mínimo é de fato implantado, não de imediato, mas aos poucos, reduzindo investimentos no setor público e ampliando no privado.
Este foi o grande golpe no povo brasileiro, especialmente na população mais humilde, que de agora em diante verá suas oportunidades de crescer serem reduzidas a quase zero e as de serem escravizadas serem ampliadas a patamares absurdos.
Os mais humildes não terão mais escolas públicas e menos ainda nos hospitais com investimentos continuados. Não terão como custear a escola privada, o plano de saúde e menos ainda a segurança. Os ricos ficaram mais ricos e os pobres mais pobres.
Este foi real golpe dado hoje pelo Senado Federal, financiado pelo poder econômico, nos brasileiros. E, como todo golpe, caberá a história destroçar cada um e cada seguimento que participou ativamente desta farsa até o impedimento da presidenta Dilma Rousseff.
O golpe
Desde 2010 que já havia uma insatisfação da elite brasileira e internacional com a avanço do proletariado com as políticas públicas do governo progressista do PT que começou com Lula em 2003. O povo brasileiro ainda não se enganou e manteve o progressismo.
A crise internacional de 2008 havia sido enfrentada com sucesso pelo presidente Lula, através do Programa Minha Casa Minha Vida. A crise chegou ao Brasil, nas palavras de Lula, uma “marolinha”, mas ficara a ressaca nos outros países para chegar depois.
Foi o que aconteceu no final de 2014, quando despencou no mercado internacional o preço do barril de petróleo. Custava 121 dólares e caiu para 30. O preço do ferro e dos produtos da fruticultura irrigada também despencaram, fazendo a economia brasileira despencar.
O desemprego subiu de 7% para 12%. Este fato era tudo que os partidos de oposição, que são a base do neoliberalismo no Brasil, fortalecer o discurso de que o governo progressista não presta, era criminoso, que estava destruindo o Brasil. A mídia deu eco a este erro.
O discurso dos partidos neoliberais no Brasil ganhou força, especialmente na voz de Aécio Neves, que apesar de envolvido em vários escanda-los de corrupção, continuava aparecendo na mídia (era apresentado) como sendo a pessoa capaz de melhorar o Brasil.
Aécio Neves deu voz ao discurso neoliberal, com algumas ressalvas. Mesmo assim, Dilma conseguiu se reeleger para o segundo mandato de 4 anos com 54 milhões de votos. Os partidos de oposição fizeram de tudo para impedir a posse e não conseguiram.
Restou o golpe!
Em 2014/2015 nasceu a Lava Jato, curiosamente graças a políticas de combate a corrupção criada no governo do PT. A mídia tratou de potencializar as notícias contra os governistas e reduzir a quase zero as denúncias contra os neoliberais dos PSDB e DEM.
Os discursos neoliberais ganharam força de que o País estava quebrado, destruído, muito embora isto não fosse verdade. Era apenas os reflexos da crise econômica mundial que deixou milhões de desempregados, em especial na Europa. Estes países ainda não se recuperaram.
A Lava Jato continuava prendendo corruptos e condenando-os, entre eles, o presidente da Câmara Eduardo Cunha, do PMDB, já velho conhecido dos tribunais em inúmeros processos. Cunha aparecia nas investigações em vários crimes graves.
Explicitamente chantageou a presidenta Dilma Rousseff. Ou ela liberava a bancada do PT para livra-lo das garras da Justiça ou ele abriria o processo de impeachment. Os neoliberais imediatamente prepararam seu projeto de governo: uma Ponte para o Futuro.
Encontraram na figura de Michel Temer, então vice-presidente e desde hoje às 16h presidente, a pessoa adequada para não só implantar o neoliberalismo no Brasil, mas também se articular (o ministro Romero Jucá deixou isto claro) para barrar a Lava Jato.
Mas tinham que encontrar um pretexto, mínimo que seja, para tirar Dilma Rousseff, que havia se recusado a livrar Eduardo Cunha da Justiça, para chegar ao poder e implantar o neoliberalismo. A saída foi inventar as “pedaladas fiscais”.
Digo inventar, pois elas nunca existiram. Ficou provado no decorrer do processo. Precisava ainda encontrar quem entrasse com o pedido na Câmara dos Deputados e, assim, Eduardo Cunha se vingar de Dilma Rousseff, abrindo o processo de impeachment.
Janaina Pascoal foi contratada por R$ 45 mil para fazer o “serviço”. Precisava de alguém que ajudasse a enfraquecer o discurso de inocência do PT e encontraram isto na figura do ex petista Miguel Reali Junior, que não havia conseguido o que queria com o partido.
Conspiração
Para o processo avançar no Congresso, ainda era preciso apoio parlamentar. Bastou juntar os partidos da oposição, que não havia digerido a derrota em 2014, com o PMDB de Eduardo Cunha, para ter o quantitativo para instalar o processo e dominar as comissões.
Para fortalecer esta base golpista, entrou o então vice-presidente nos bastidores, claramente conspirando para derrubar a presidenta eleita Dilma Rousseff, que apesar dos apelos, não conseguiu no Congresso aprovar nenhuma medida para enfrentar a crise.
Ao contrário, Cunha, mesmo investigado pela Lava Jato, continuava aprovando propostas para aumentar os gastos do Governo Federal e reduzir a arrecadação. Quanto mais agia, mas desemprego, mais discursavam dizendo que era culpa de Dilma e tinha eco da grande mídia.
Para relatoria do impeachment escolheram o senador Antônio Anastasia, do PSDB, que mesmo não havendo crime de responsabilidade fiscal e menos ainda um atentado a Constituição, que seria o necessário para afastar Dilma, assim o fez. Pediu o afastamento da presidenta.
Na medida que os dias iam se passando, ia se tornando claro o golpe. As próprias investigações da Lava Jato mostraram Romero Jucá, principal aliado de Michel Temer, se articulando nos bastidores para botar Dilma para fora e assim se livrarem das barras da justiça.
Afastamento
A presidenta Dilma terminou afastada do cargo pelos deputados. Teve início o processo no Senado, que resultou nesta quarta-feira de cinza para democracia brasileira com o afastamento da presidenta Dilma Rousseff e no seu cargo empossado vice-presidente.
Interinamente no cargo, Michel Temer já havia praticamente destruído todas as políticas de governo voltadas para os trabalhadores e iniciado o processo para atacar de morte os direitos trabalhistas e, pior, congelar os investimentos em educação e saúde por 20 anos.
Com relação a Lava Jato, Michel Temer adotou como primeiro ato tirar a base de captação de dados da Lava Jato, tirando a autonomia do Controladoria Geral da União, destinado para este fim, no dia 28 de maio de 2003 por Lula, após o escândalo de corrupção em Guamaré, no Rio Grande do Norte.
O bloqueio aos corruptos ficou ainda mais claro que o presidente da Câmara Eduardo Cunha ainda nada sofreu pelos crimes que cometeu. Pelo contrário, caminha para consegui uma espécie de perdão dos corruptos para não ser enquadrado como corrupto.
Enquanto os procuradores da Lava Jato procuram provas contra Lula na compra de um apartamento no Guarujá, em São Paulo, os verdadeiros corruptos com Michel Temer na liderança seguiam implantando políticas públicas contrárias aos anseios dos trabalhadores.
Dilma Rousseff anunciou no final da tarde desta quarta-feira, 31 de agosto, que vai recorrer ao Supremo Tribunal Federal da decisão. Ela entende que os senadores violaram a Constituição Brasileira quando afastaram ela sem que ela tivesse cometido um só crime, isto atestado pelo Ministério Público Federal de Brasília/DF.
DILMA ROUSSEF: "Com a aprovação do meu afastamento definitivo, políticos que buscam desesperadamente escapar do braço da Justiça tomarão o poder unidos aos derrotados nas últimas quatro eleições. Não ascendem ao governo pelo voto direto, como eu e Lula fizemos em 2002, 2006, 2010 e 2014. Apropriam-se do poder por meio de um golpe de Estado."