Presos escrevem PCC nos muros de Alcaçuz com o sangue dos mortos, que pode passar de 50
Secretário de Segurança Caio César Bezerra disse que a população pode ficar tranquila. Segundo ele, não teve fugas; veja fotos e videos dos autoridades sobre o massacre em Alcaçuz
O Governo do Estado do Rio Grande do Norte reconhece pelo menos 10 mortes dentro dos pavilhões de Alcaçuz, em Nísia Floresta, como consequência do confronto entre as facções PCC e Sindicato do RN, que começou no final da tarde deste sábado, 14.
Os presos do PCC aparecem em vídeios matando os outros batizados pela facção Sindicato do RN, a maioria sendo degolada e as víceras extraídas. Os vídeos foram enviados para as redes sociais pelos próprios presos e não iremos mostrá-los.
Depois da chacina, os presos escreveram PCC 1533 nas pareces com sangue dos mortos.
Já extraoficial, os números são assustadores. Nos vídeos divulgados nas redes sociais pelos próprios presos é possível observar pelo menos 50 mortos. Em áudios, há relatos de policiais e agentes penitenciários falando de 70 a 140 presos mortos.
As autoridades do Governo do Estado pedem que não se divulgue dados que não sejam oficiais. Ao menos é o que pede o secretário Walber Virgulino, da Secretaria de Justiça e Cidadania, que cuida do sistema prisional do Rio Grande do Norte.
"O sistema é bruto, e o jogo é duro", diz o secretário Walter Virgulino, que comanda pessoalmente as forças de segurança no controle externo e no acesso à Penitenciária de Alcaçuz, onde estão presos cerca de 1.150 presos.
O MOSSORÓ HOJE teve acesso a áudios de presos de Alcaçuz relataram cenários de horror. Também vários vídeos, mostrando a chacina interna. Um agente penitenciário enviou um áudio para os colegas informando que estava tudo bem com eles.
Em vídeo, o secretário Estadual de Segurança e Defesa Social Caio César Bezerra disse que a população pode ficar tranquila, que o Governo do Estado está adotando todas as medidas necessárias para contornar a situação. Segundo ele, não teve fugas.
Fora do presídio, os policiais montaram barricadas nas estradas de acesso e reforçaram as guaritas. A polícia vai aguardar o dia amanhecer para entrar no presídio e organizar os presos novamente por pavilhões, separando-os por facções, como era antes.
O presídio de Alcaçuz é o maior do Rio Grande do Norte. Quando foi construído, chegou a ser chamado de segurança máxima, porém após muitas fugas e alguns resgates de presos, passou a ser considerado pela mídia e a sociedade como um presídio comum.
Em 2015, quando começou o confronto entre as facções Sindicato do RN e PCC, quatro presos foram assassinados na Cadeia Pública de Caraúbas. Depois aconteceram várias mortes dentro e fora do presídio, além de ataques a ônibus na capital e no interior, atribuído as facções.
Governo diz que confronto é entre presos dos pavilhões IV e V
Em Nota à Imprensa, o Governo do Estado reconhece a gravidade do caso, diz que o governador Robinson Faria falou com o ministro Alexandre de Morais e recebeu apoio de pronto para reforçar o trabalho de segurança em Alcaçuz com a Força Nacional.
NOTA À IMPRENSA
A respeito da rebelião em curso no presídio de Alcaçuz, na região metropolitana de Natal-RN, o Governo do Rio Grande do Norte esclarece que:
1. A rebelião teve início por volta das 17h, partiu de uma briga entre presos dos pavilhões 4 e 5 e está restrita aos dois pavilhões. Estão sendo levantadas informações acerca do envolvimento de facções criminosas. A polícia está trabalhando no local para a contenção da rebelião.
2. Não há registro de fugas;
3. As informações quanto ao número de mortos e feridos estão em levantamento, com pelo menos 10 mortes confirmadas até o momento;
4. Desde o início da noite, o governador do Estado do Rio Grande do Norte, Robinson Faria, está no Gabinete de Gestão Integrada (GGI), com o secretário de Segurança Pública, Caio César Bezerra; o secretário de Justiça e Cidadania, Wallber Virgolino; o presidente do Tribunal de Justiça, Expedito Ferrreira; o procurador geral de Justiça do RN, Rinaldo Reis; o comandante da PM, André Azevedo; e representantes das polícias civil e federal, Polícia Rodoviária Federal, Corpo de Bombeiros e Força Nacional, no comando das medidas para a contenção e resolução do problema nas próximas horas;
5. O governador Robinson Faria entrou em contato com ministro da Justiça, Alexandre de Morais, para que o Governo Federal acompanhe a situação do Estado, e pediu reforço da Força Nacional no lado externo do presídio, o que foi autorizado prontamente;
6. Não há registro de nenhuma ação externa aos presídios. O problema está restrito a Alcaçuz e a população pode seguir com suas atividades dentro da normalidade.