“Foi Deus que abriu essa porta”, diz fotógrafo ao investir na produção de saladas em Mossoró

Quando criança, o carioca Raul Pereira sonhava em ganhar dinheiro desenhando. Concretizou, em parte, o desejo de infância, eternizando imagens e fatos marcantes, não por meio de rabiscos, mas através do seu olhar atento e com uma câmera na mão. Considerado um dos melhores fotógrafos com atuação em Mossoró, o profissional agora investe em um novo ramo: o da alimentação saudável, produzindo e comercializando saladas na cidade.

“Não deixei a fotografia, mas foi Deus que abriu essa nova porta. Me dediquei muito na área de política e deixei meu estúdio, minha esposa quem ficou tomando conta, mas como o mercado piorou, a procura caiu. Hoje há muito fotógrafos, mas poucos profissionais. Sabia que o estúdio ia me dar trabalho para reerguê-lo, então comecei a ver reportagens, vídeos, procurar livros sobre alimentação e vida saudável. Mas eu não tinha um foco, estava sem saber o que fazer”, revela.

Raul trabalhou como fotógrafo da Prefeitura de Mossoró nas gestões Cláudia Regina (2013) e Francisco José Júnior (2014/2016). Com a mudança no comando do Palácio da Resistência, se desligou do Poder Público. Agora, retorna à iniciativa privada, investindo não somente na fotografia, mas no setor alimentício. Aposta que já se mostra acertada. Na tarde desta terça-feira, 7, ele recebeu a reportagem do MOSSORÓ HOJE na sede da Fresh Salad’s, ponto aberto essa semana, na rua João Marcelino, Centro, próximo ao Hospital Wilson Rosado.

“Tudo foi aparecendo, o prédio, itens da cozinha, contador nos orientando, em um período curto de tempo. Começamos vendendo quatro, depois oito, 10. Vamos ampliar a divulgação e engrenar, se Deus quiser, sempre priorizando a qualidade do que estamos oferecendo, sem esquecer também da importância de trabalharmos em um ambiente adequado, higiênico, como o cliente merece”, destaca, acrescentando que o diferencial da Fresh Salad’s está na variedade.



“Misturo muitas cores e sabores. Temos proteínas como peixe, frango, carne de sol, trinchado de carne, frango desfiado. O cardápio inclui ainda alface, pepino, cenoura, chuchu, tomate, cebola, abobrinha, batata doce, milho e ervilhas, ovo de codorna, repolho, couve, espinafre, azeitona, amendoim, entre outros itens, como o molho”, elenca Raul Pereira, reforçando ainda que a salada é vendida pelos preços de R$ 10 e R$ 15. “Os contatos podem ser feitos pelos telefones 9 8836-5162/99811-8514”, diz.

E a ideia de vender saladas, como surgiu exatamente? O fotógrafo explica que sua esposa, Rosivania Carvalho, que trabalha com vendas de seguro de carros, entrega brindes a cada fim de ano aos clientes. No final de 2016, Raul então sugeriu que eles ganhassem saladas. “Compramos 100 embalagens e todo o material para a produção. No terceiro dia que realizávamos a entrega, recebemos uma ligação perguntando se estávamos vendendo a salada, foi aí que caiu a ficha”, detalha, revelando que sempre gostou de cozinhar. “São quase 15 anos de casado e eu sou o dono da cozinha. Minha mulher só faz sopa”, brinca.

Trajetória profissional

Nascido no Rio de Janeiro, Raul Pereira chegou a Mossoró em 2002. Sua intenção era passar 15 dias em Natal, fazendo trabalhos para uma revista de turismo. Foi quando conheceu sua atual esposa, que é mossoroense. “Em um ano a gente casou. Ainda trabalhei no Diário de Natal e Tribuna do Norte. Depois pedi demissão, vim para Mossoró, em 2002, trabalhei um ano na Gazeta do Oeste, depois no Jornal de Fato, fui representante da Tribuna, do Diário de Natal, e na sequência entrei no Correio da Tarde, onde trabalhei cerca de 8 anos”, relembra.

Sua primeira experiência profissional foi no Jornal do Commercio, em Recife. “Comecei como office boy, saí como repórter fotográfico, isso em quatro anos”, afirma Raul, orgulhoso. No Jornal do Commercio, passou ainda por funções como auxiliar de laboratório e laboratorista, antes de estrear como fotógrafo, cobrindo um assalto a banco. “Foi uma paulada. Jogaram a lente nos meus peitos e eu fui e fiz. Suava mais do que vara verde. Eram 36 poses, acertei 15”, conta.

Antes de começar a fotografar profissionalmente no jornal, Raul (na foto à dir. com a mulher, Rose, e o filho mais novo, Ygor) precisou passar por um curso técnico na Faculdade Católica do Recife. Foram dois anos de intensos aprendizados. Na redação do Jornal do Commercio, visitava frequentemente o departamento de fotografia. “Gostava daquele ambiente, o pessoal chegava com aquelas máquinas grandes, chamava minha atenção. Eu ficava olhando e fui me interessando. Então um amigo meu, Fernando Silva, perguntou se eu não tinha vontade de ser fotógrafo. Nunca tinha passado minha cabeça”.

“Corri atrás. Não sabia nada, mas encarei. Comecei a gostar. Trabalhava de dia e à noite ficava no jornal, estudando. O que me incentivou a fotografar mesmo foi a cobrança do meu então editor de fotografia no Jornal do Commercio, Vladmir Barbosa, ele era totalmente bruto, não amenizava os errados. Em um determinado momento, mostrei a ele algumas fotos e perguntei: ‘gostou do material?’. Ele respondeu: ‘Daqui a 10 anos você vai ser um bom fotógrafo’. Isso não me colocou pra baixo. Eu disse que ia provar que não demoraria 10 anos. Comecei a estudar ainda mais”, conclui Raul, que já teve fotos publicadas em revistas e jornais de circulação nacional como a Caras e O Globo, além de ter recebido nove premiações regionais e nacionais.