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MOSSORÓ
Da redação
13/05/2017 11:33
Atualizado
14/12/2018 01:37

Quem deve ser punido pelas mortes de bebês no período de 2004 a 2014?

Neste período foram tantos desmandos, que em 2014 a Justiça decretou intervenção judicial, mudando completamente o cenário até os dias atuais
Wilson Moreno/Gazeta do Oeste
No período de 10 anos (2004 e 2014), foram inúmeras as vezes que famílias choraram a perda de seus filhos em função da falta de estrutura na então maternidade Casa de Saúde Dix Sept Rosado, gerida através APAMIM, controlada pelo casal Sandra/Laire Rosado, em Mossoró.

Choro intenso que nos fez chorar, que nos fez sentir mal, nos fez se sentir impotente, como o choro da família do fotógrafo Pacífico Medeiros, do publicitário Carlos Duarte, do professor Westerley Ramalho, entre tantos outros, sempre sobre a obstetrícia em Mossoró.

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Em setembro de 2014, quando a CSDR parou de funcionar por falta de tudo (apesar das somas milionárias de recursos disponíveis), o obstetra Manoel Nobre relatou, em Audiência Pública na Câmara Municipal, que três bebês morreram na barriga da mãe por não ter onde nascer.

Além das emendas parlamentares vindas dos cofres da União, no período de 2008 a 2014 foram feitos empréstimos junto a seis bancos do RN e do CE na ordem de R$ 33 milhões, empréstimos gastos só Deus sabe como e que estão sendo pagos com recursos do SUS.

Apesar das grandes somas que entravam nas contas da APAMIM (empréstimos, emendas e repasses fixos do SUS), os servidores ficaram sem salários, equipamentos sem manutenção, o prédio em ruínas... A precariedade e os desmandos eram tantos que a Justiça Federal decretou, com pedido dos promotores de Justiça do Estado, Federal, do Trabalho e também do CREME/RN, a intervenção judicial em outubro de 2014.

A lista de vítimas em consequencia destes destes desvios de 2004 a 2014, e antes também, é imensa, sendo que sua grande maioria destas vítimas são de famílias humildes que choro não menos intenso é em silêncio, longe dos holofotes da mídia.

Não por coincidência, este cenário de horror, com mortes maternas e de bebês que nasciam prematuros e com baixo peso, coincide precisamente com o mesmo período dos desmandos apontados nos inúmeros processos na Justiça por desvios de recursos da APAMIM.

Não é preciso ser nenhum gênio para deduzir que o "sumiço" dos recursos que deveriam comprar medicamentos, aparelhos, pagar salários e manter a estrutura física da então CSDR condenou a morte bebês e também mães por muitos anos, não só nesta década.

Os números e dados são enfáticos, de fácil compreensão. Para se ter uma ideia, observe os números de 2016 no Hospital Maternidade Almeida Castro, antiga CSDR, gerida pela APAMIM, e que atualmente está sob os cuidados de uma junta de intervenção federal.

Nasceram 4.491 bebês em 2016. Deste total, 911 chegaram ao mundo com baixo peso e/ou prematuro. A literatura médica diz que 35% dos bebês que nascem prematuros e com baixo peso (ou seja, cerca de 350 bebês), só conseguiram sobreviver com auxílio de uma UTI Neonatal, o Berçário e Canguru, que atualmente existem e que naquela época negra não existiam.

Os relatos na mídia quanto ao caso de Carlos Duarte apontam para situação que se equivale a assassinato. O assassinato culposo, se considerado que os recursos são desviados mesmo sabendo que isto vai ocasionar mortes, e doloso se considerado que ao deixar a bebe nestas condições, vai morrer.

Carlos encontrou o filho num pedra de mármore. Depois de um escânda-lo, conseguiu socorrer seu bebê para Natal e lá ficou vivo por 37 dias. Ele não tem dúvidas que se tivesse socorrido o bebê a tempo e com a estrutura adequada o teria salvado.

Num cálculo rápido, estima-se que nasceram 3.500 bebes prematuros e com baixo peso no período de 2004 a 2014, que precisaram de UTI neonatal, auxilio do berçário e também da Unidade Intermediária Canguru para sobreviverem e não tiveram.

Em outras palavras, mais ou menos o que precisou o filho do Carlos Duarte para está vivo e não havia. Quantas outras famílias passaram pelo mesmo drama? Quais delas conseguiu levar as autoridades este cenário? O que você está fazendo para evitar que isto aconteça?

Quantas sobreviveram destes 3.500 bebês que nasceram prematuros e com baixo peso de 2004 a 2014?

Quem está sendo punido por ter tirado as chances destas crianças estarem vivas?

Para saber mais como está funcionando o Hospital Maternidade Almeida Castro em reportagem do MOSSORÓ HOJE.

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O Jornalista Carlos Santos também destacou os avanços na Maternidade Almeida Castro em função do trabalho da Junta de Intervenção Federal, sob os cuidados do juiz federal Orlan Donato Rocha e os promotores federais, estaduais e do Trabalho.

Veja nesses três links – AQUIAQUIAQUI) – a série de reportagem sobre o HMAC.

Veja também a crônica “Por Valentina, Arthur, Maria Eduarda, Ana Livia…” (AQUI).

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