29 MAR 2024 | ATUALIZADO 18:35
POLÍCIA
08/04/2019 17:09
Atualizado
09/04/2019 08:54

Uol narra como o PCC infiltrou doméstica na casa do Henry para mata-lo em Mossoró/RN

Lapa e Jailton, que ordenaram o assassinato do agente penitenciário federal em Mossoró, juntamente com a doméstica Maria Cristina e a irmã dela Gilvaneide serão levados a Juri Popular nos próximos dias em Mossoró
A história do homicídio de Henry Charles começa em 2014 no estado de São Paulo. Naquele ano, a cúpula da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) havia decidido "intimidar e desestabilizar" os funcionários do sistema penitenciário federal, considerado o mais rígido do país
Reprodução

O UOL narrou, em detalhes nesta segunda-feira (8), o complexo plano do Primeiro Comando da Capital para matar 2 agentes penitenciários por cada Presídio Federal no Brasil ainda em 2014. A trama macabra nasceu em São Paulo.

Em Mossoró, o PCC matou o agente Henri Charle Gama e Silva, na época com 51 anos, no bairro Aeroporto, em 2017.

A reportagem detalhe, entre outros fatos, que o PCC comprou uma casa em Mossoró e conseguiu infiltrar uma doméstica na casa do agente para obter informações precisas da vítima.

Quatro acusados deste crime devem ir a julgamento popular em Mossoró nas próximas semanas. Falta apenas a Justiça Federal marcar o julgamento popular e intimar as partes para acontecer.

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Do UOL

Por volta das 16h do dia 12 de abril de 2017, uma quarta-feira, o agente penitenciário federal Henri Charle Gama e Silva estava sentado em uma das cadeiras do bar Pais e Filhos, nas proximidades de sua casa em Mossoró (RN), quando pelo menos dois homens desceram de um Fiesta branco e começaram a atirar com pistolas em sua direção.

Atingido pelas costas, ele conseguiu correr e tentou se abrigar atrás de um carro estacionado, porém um dos atiradores o alcançou. O assassino acertou um disparo à queima-roupa abaixo da orelha direita da vítima e outro no topo do crânio e fugiu de carro com outros comparsas. O agente morreu no local.

Plano de intimidação

A história do homicídio de Henri Charles começa em 2014 no estado de São Paulo. Naquele ano, a cúpula da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) havia decidido "intimidar e desestabilizar" os funcionários do sistema penitenciário federal, considerado o mais rígido do país.

"Desde 2014, já havia uma movimentação junto à cúpula do PCC, com a emissão de um 'salve' [comunicado], no sentido de planejar ações que demonstrassem o descontentamento da facção com o que eles chamam de 'opressão'. Opressão seria o tratamento rígido, dentro dos parâmetros legais, que era imposto aos membros da organização", afirma o MPF (Ministério Público Federal) do Rio Grande do Norte na denúncia contra cinco pessoas acusadas de planejar a morte do agente do presídio de segurança máxima de Mossoró.

Os seguidos desentendimentos de um dos líderes do PCC com os agentes foi o estopim para que a facção começasse a por o plano em prática. Um dos primeiros membros da cúpula da facção a cumprir pena em presídio federal, Roberto Soriano, o Tiriça, ameaçou os funcionários e chegou a dizer em uma ocasião: "Se me tratarem bem, eu trato bem, se me tratarem, eu trato mal".

O encarregado do plano

O salve de 2014 foi encontrado no ano seguinte entre os pertences do criminoso Anderson Conceição de Lira, o Profeta, morto durante uma operação realizada por policiais militares em 18 de novembro de 2015 em uma chácara de Salto, no interior paulista. Na mesma ocasião foi preso o membro encarregado pelo PCC de colocar o plano em prática, de acordo com as investigações da PF (Polícia Federal): Eduardo Lapa dos Santos.

Lapa é uma espécie de "apoio" aos membros da "Sintonia Geral Final", o topo do PCC, formado por 12 integrantes, entre eles o líder máximo, Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola. Sintonia é como é chamado cada setor do grupo criminoso.

A ideia era matar dois agentes para cada unidade penitenciária federal existente na época: Catanduvas (PR), Mossoró (RN), Porto Velho e Campo Grande. O primeiro a morrer foi o agente Alex Belarmino Almeida Silva, no dia 2 de setembro de 2016, na cidade de Cascavel (PR). Lotado na sede do Depen (Departamento Penitenciário Nacional), em Brasília, ele estava no Paraná para ministrar um curso de tiro a agentes de Catanduvas.

Compra de casa e empregada infiltrada

Em Mossoró, o primeiro ato foi comprar uma casa próxima ao presídio federal ainda no ano de 2015. Na época em que estava em liberdade, Lapa contou com ajuda de um antigo companheiro de cela, Jailton Bastos de Souza, potiguar de nascimento que está detido na P2, uma unidade da Penitenciária de Presidente Venceslau, no interior paulista.

A mando de Lapa, Jailton passou as ordens à sua mulher, Gilvaneide Dias Mota Bastos, para comprar uma casa em Mossoró nas proximidades do presídio federal. O objetivo era o de monitorar a rotina dos agentes, a partir de um ponto de observação, e assim escolher o alvo. Ela teve ajuda de Maria Cristina da Silva, sua irmã.

Encontrado o local, entrou em cena outro membro da facção: Edmar Fudimoto, o "Japonês". Denunciado por tráfico de drogas em São Paulo, ele se apresentou como comprador aos donos da residência escolhida. O pagamento total de R$ 60 mil foi feito por Lapa, a partir de depósitos feitos em agências bancárias da cidade de Salto, onde ele seria posteriormente preso.

A única peça do quebra-cabeça que não foi desvendada pela PF é a identidade de quem efetuou os disparos que vitimaram Henri Charle. Lapa, Jailton, Maria Cristina e Gilvaneide negam participação no crime. Edmar está foragido.

Os cinco irão a júri popular por decisão da Justiça Federal. Após a morte de Henri Charle, o PCC matou outra funcionária do sistema penitenciário federal: a psicóloga Melissa de Almeida Filho, na cidade de Cascavel (PR). Em janeiro, todos os integrantes da cúpula da facção, inclusive Marcola, foram transferidos de São Paulo para presídios federais.


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