O Senado aprovou nesta quarta-feira (26) a recondução do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, para mais um mandato à frente do Ministério Público. O seu nome foi referendado por 59 votos a favor, 12 contrários e uma abstenção. A votação em plenário durou apenas sete minutos. Nenhum senador quis discutir a indicação antes do início da votação. Janot assume seu segundo mandato a partir de 17 de setembro.
Atualmente, 13 senadores são alvos de inquérito da Operação Lava Jato no STF (Supremo Tribunal Federal), incluindo o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). As investigações relativas aos políticos com foro privilegiado são conduzidas por Janot.
Desafeto declarado do procurador, o senador Fernando Collor (PTB-AL) acompanhou a votação no plenário mas não se manifestou. Às vésperas da sabatina a que Janot foi submetido nesta quarta na comissão de Constituição e Justiça da Casa, Collor usou a tribuna do plenário por duas vezes para fazer duras críticas à atuação de Janot e chegou até a xingar o procurador, chamando-o de "filho da puta em uma ocasião e de "sujeitinho à toa
Collor foi denunciado por Janot na semana passada sob a acusação de ter participado do esquema de corrupção da Petrobras.
Sabatina
Janot foi sabatinado por mais de 10 horas na CCJ nesta quarta, sendo esta, a segunda maior sabatina da história do Senado. Na comissão, ele recebeu 26 votos favoráveis e apenas um contrário.
Durante a sabatina, Janot defendeu a legalidade da Operação Lava Jato e disse que nunca viu nada tão grande. "A Petrobras foi e é alvo de um mega esquema de corrupção. Um enorme esquema de corrupção que, eu com 31 anos de Ministério Público, jamais vi algo precedente", disse. "Eu costumo dizer que o petróleo, desde a época do ""O petróleo é nosso!"", que esse mega esquema de corrupção chegou a roubar o nosso orgulho. E é por isso que a gente investiga e investiga sério mesmo essa questão da Petrobras", completou.
No momento mais esperado, dos questionamentos de Collor, o procurador-geral enfrentou diversas acusações, como a de ser um "catedrático em vazar informações".
Ao final da sessão, Renan afirmou que a Casa cumpriu o calendário que foi estabelecido, votando em plenário a recondução de Janot no mesmo dia da sabatina. "Era a única maneira de o Senado demonstrar isenção absoluta na recondução do procurador-geral", disse.
Sobre os xingamentos feitos por Collor contra Janot, Renan afirmou que não acompanhou a sabatina. Questionado se a atitude do ex-presidente representava quebra de decoro parlamentar, Renan não respondeu.