Em sessão da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, o diretor do site The Intercept Brasil, Glenn Greenwald, disse que “estão tentando criminalizar o jornalismo e os jornalistas”.
Segundo ele, o trabalho dos profissionais da imprensa é receber informações e publicar, desde que seja autêntico e de interesse público.
Greenwald foi convidado a falar ao Senado após o The Intercept divulgar em parceria com outros veículo diálogos vazados que mostram uma suposta colaboração entre o atual ministro da Justiça e Segurança Pública, Sergio Moro, e o procurador da República Deltan Dallagnol.
“É impensável em uma democracia pensar em prender ou investigar um jornalista pelo trabalho que ele está fazendo”, afirmou.
A primeira vez que leu o material recebido de uma fonte anônima, Greenwald disse ter ficado chocado. “Um juiz que, durante cinco anos, falou que era neutro, estava fazendo justamente o contrário. Eu tinha nas minhas mãos um material que mostrava que o tempo todo o Sergio Moro estava mandando na Lava Jato”, apontou.
O jornalista disse que Sergio Moro foi perguntado várias vezes sobre estar investigando Glenn. “Eu acho que isso mostra a mentalidade do ministro Moro. Ele quer que fiquemos com medo, mas nós não temos medo, vamos continuar publicando porque li a Constituição Brasileira e sei que ela protege o trabalho do jornalista”, sinalizou.
Glenn Greenwald chegou ao Senado Federal por volta das 10h30, acompanhado do marido, o deputado David Miranda. Os parlamentares querem que ele dê mais detalhes sobre como o site teve acesso aos vazamentos dos diálogos.
O convite ao jornalista partiu do senador Randolfe Rodrigues, líder da oposição na Casa. “Ele vem sofrendo publicamente ataques de setores do governo, inclusive de Sergio Moro, que vem questionando a veracidade dos diálogos. Precisamos saber o que está acontecendo”, afirmou o parlamentar.