O Rio Grande do Norte está com nível crítico de estoque de medicamentos anestésicos e bloqueadores neuromusculares usados na sedação de pacientes em leitos críticos de Covid-19 e outras doenças que precisam ser intubados em UTIs, por exemplo.
Segundo levantamento feito pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) na semana passada (12 a 18 de julho), dos 22 remédios pesquisados, 16 estavam com estoques totalmente zerados e apenas três contavam com estoque para três dias ou mais.
De acordo com o Conass, o RN estava entre os seis estados com a situação mais preocupante no país. A situação teria se agravado por causa do aumento expressivo de internamentos, provocados pela Covid-19.
Somente em junho, o país teria usado quantidade superior à de todo o ano de 2019. Os remédios são usados, por exemplo, em pacientes internados em UTIs, intubados, usando ventilação mecânica, como os infectados pelo coronavírus.
Nesta sexta-feira (24), o diretor técnico da Unidade Central de Agentes Terapêuticos (Unicat), Thiago Vieira, afirmou que o estado recebeu uma remessa enviada pelo Ministério da Saúde e, por isso, ainda conta com estoque disponível para cerca de 10 dias a 12 dias.
A previsão leva em consideração número de internados, tendência de queda e média de consumo por paciente.
Segundo a pesquisa do Conass, medicamentos como a "Fentanila, Citrato 0,05 mg/ml" que tem um consumo médio mensal de 56,2 mil ampolas estava com estoque suficiente para apenas meio dia, na semana passada.
O Brometo de Rocurônio, usado na intubação traqueal - procedimento usado em pacientes graves de Covid-19, por exemplo, estava zerado. O consumo médio mensal, de acordo com o levantamento, é de 30,2 mil ampolas. Utilizado em sedações em unidades de terapia intensiva (UTI), o Midazolam 5 mg/ml era o medicamento com mais estoque.
"A situação é crítica no país inteiro em virtude de termos um 'boom' de internações e não termos fornecedores com os quantitativos que todo o país precisa. Na semana passada o governo federal pegou esses mesmos medicamentos em um país vizinho, que foi o Uruguai, para mandar para o Rio Grande do Sul e para Santa Catarina. Hoje a indústria nacional não consegue dar conta da quantidade de insumos necessários para manter os pacientes que estão em leitos críticos, intubados, de maneira confortável", considerou Thiago Vieira.
De acordo com ele, a pandemia também atrapalhou a importação dos sais usados na produção dos medicamentos e a indústria não consegue entregar a quantidade solicitada pelos estados. O estado espera receber mais uma remessa na próxima semana.
"Não temos notícias de falta atualmente nos hospitais. Pode haver uma falta pontual de algum medicamento, mas com a disponibilidade de um substituto", considerou.