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ESTADO
COM INFORMAÇÕES DO G1
11/08/2020 17:45
Atualizado
11/08/2020 17:49

Policial Militar agride estudantes com spray de pimenta durante protesto no IFRN

O caso aconteceu na tarde desta terça-feira (11), no prédio da reitoria, em Natal. Os estudantes protestavam na reitoria do IFRN, em Natal, contra a intervenção na instituição - que dura mais de 100 dias - quando policiais militares chegaram ao local e usaram spray de pimenta para dispersar o grupo
FOTO: INTER TV CABUGI

Um protesto de estudantes do Instituto Federal do Rio Grande do Norte (IFRN) resultou em uma intervenção da Polícia Militar na tarde desta terça-feira (11).

Os estudantes protestavam na reitoria do IFRN, em Natal, contra a intervenção na instituição - que dura mais de 100 dias - quando policiais militares chegaram ao local e usaram spray de pimenta para dispersar o grupo.

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Durante o protesto, um grupo de estudantes estava próximo ao portão de acesso à reitoria, já na saída da instituição, quando um dos policiais vai em direção ao grupo e joga o spray nos estudantes. Houve gritaria e correria.

Por meio da assessoria de imprensa, o reitor pro tempore Josué Moreira afirmou que está sempre aberto ao diálogo "mas a forma como a tentativa de conversa foi realizada foi lamentável, pois eles invadiram a Reitoria".

Ele diz ainda que o que os estudantes "vieram fazer aqui não foi reivindicar a questão da volta às aulas, na verdade, estão reivindicando outras coisas, alinhadas a ideais estritamente políticos".

O reitor, por fim, agradece e pede desculpas à PM "que tenta manter a integridade física dos servidores que estão trabalhando, a ordem e proteção do patrimônio público". Confira a nota na íntegra no final da matéria.

Nas redes sociais, a governadora Fátima Bezerra disse que determinou ao secretário de Segurança Pública, coronel Francisco Araújo, e ao comandante da Polícia Militar, coronel Alarico Azevedo, "prioridade na apuração do episódio" e disse ainda que o comandante da operação foi afastado.

Os estudantes contam que a Polícia Militar chegou ao local para conter o ato que, segundo eles, acontecia de forma pacífica.

“Hoje, no dia do estudante, estudantes de vários grêmios estudantis decidiram construir um ato simbólico na reitoria contra a intervenção que já dura mais de 100 dias no nosso instituto. O interventor Josué decidiu chamar a PM, ao invés de conversar com os estudantes como sempre aconteceu no IFRN. O primeiro diálogo dos PMs já foi ameaçando levar a gente algemado, sendo agressivos. Depois confiscaram o celular de uma menina de forma extremamente bruta só porque ela estava gravando a atuação deles”, conta Matheus Araújo, um dos estudantes que participavam do protesto.

De acordo com o professor do IFRN Daniel Lobão, o acesso ao prédio foi fechado e quem chegava ao local era impedido de entrar.

"Quando eu cheguei já não estava mais podendo entrar no IFRN, então eu fiquei na porta, do lado de fora". Do portão, ele presenciou o ato dos policiais.

"O IFRN foi criado pra transformar a sociedade através da educação, da pesquisa, da ciência e tecnologia, da extensão e da ação social. (...) E o que você ensina quando você é o líder máximo da instituição - tudo bem que você foi colocado lá indevidamente, como o professor Josué – mas qual mensagem que você passa de aprendizagem para os estudantes, no dia do estudante, quando você chama a polícia pra resolver qualquer tipo de conflito que poderia estar sendo conversado? É o pior exemplo possível. Não é pedagógico, não é posição de educador, é a posição de uma pessoa autoritária. Por que vieram quatro viaturas pra uma situação que tinha 30 estudantes? Todo mundo desarmado, apenas entoando palavras de ordem, aí vem os policiais armados, entram no território da instituição, e jogam spray de pimenta em estudantes. É um dia muito triste (…), é o total colapso da missão institucional do IFRN que é transformar a sociedade através da educação", disse Daniel Lobão que é professor da instituição desde 2014 e membro do Conselho Superior no mandato 2019/2021.

Os diretores gerais dos campi do IFRN emitiram nota de apoio aos estudantes. "A comunidade estudantil é a razão de existência de uma casa de educação que forma cidadãos e profissionais de excelência. Respeito e diálogo é o que os estudantes merecem, não truculência e ameaças. Diretores e Diretoras Gerais dos Campi do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte se solidarizam e manifestam incondicional apoio aos estudantes que, exercendo a cidadania, clamam pelo retorno à normalidade democrática no IFRN", diz o documento.


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