O Ministério Público da Suíça confirmou que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) foi notificado do bloqueio de contas naquele país. Em uma mensagem curta, o MP suíço identifica Cunha apenas por suas iniciais, E.C., e diz que ele foi informado do congelamento dos ativos financeiros. O ministério suíço não quis detalhar quando isso aconteceu, nem quem foi o autor da notificação.
Até momento, o presidente da Câmara nega ter contas na Suíça e diz nunca ter sido informado sobre o caso. Na última quarta-feira, os procuradores suíços enviaram à Procuradoria Geral da República (PGR) os autos da investigação de Cunha por suspeita de lavagem de dinheiro e corrupção passiva.
O órgão suíço encontrou cerca de US$ 5 milhões em contas controladas pelo presidente da Câmara dos Deputados. No registro das contas, o nome de Cunha, da mulher Cláudia Cruz e de uma de suas filhas aparecem como reais responsáveis pela movimentação financeira. As informações foram repassadas às autoridades brasileiras, que passarão a investigar crime de lavagem de dinheiro.
Na sexta-feira, ele disse desconhecer os “fatos veiculados” sobre contas bancárias na Suíça e confirmou as afirmações que deu à CPI da Petrobras, quando declarou que não tinha conta bancária no exterior.
A investigação na Suíça foi aberta em abril, quando as contas bancárias do presidente da Câmara e de seus familiares foram bloqueadas. O presidente da Câmara é suspeito de receber propina por vazamento de informação privilegiada na venda, para a Petrobras, de um campo de petróleo no Benin, na África.
Na semana passada, Cunha já havia negado desconhecer o conteúdo das investigações. À época, ele reiterou o depoimento prestado na CPI da Petrobras de forma espontânea, em que negou a existência das contas.
Cunha foi acusado de envolvimento no caso da Lava-Jato, que investiga corrupção na Petrobras, pelos delatores Júlio Camargo, da Toyo Setal, e João Augusto Rezende Henriques, além do lobista Fernando Soares.
A Procuradoria Geral da República apresentou denúncia contra Cunha no Supremo em agosto sob a acusação de que teria se beneficiado do esquema de corrupção na Petrobras.