30 NOV 2024 | ATUALIZADO 18:40
NACIONAL
29/06/2021 23:37
Atualizado
29/06/2021 23:45

Governo Bolsonaro pediu 1 dólar de propina por cada dose da AstraZeneca

A informação foi passada a Folha de São Paulo pelo representante da empresa Davati Medical Supply, Luiz Paulo Dominguetti Pereira, citando diretamente o diretor de logística do Ministério da Saúde, Roberto Dias Pereira, que ocupava o posto por indicação do deputado Ricardo Barros, envolvido também no escândalo da Covaxin
A informação foi passada a Folha de São Paulo pelo representante da empresa Davati Medical Supply, Luiz Paulo Dominguetti Pereira, citando diretamente o diretor de logística do Ministério da Saúde, Roberto Dias Pereira (FOTO), que ocupava o posto por indicação do deputado Ricardo Barros, envolvido também no escândalo da Covaxin
FOTO: Marcello Casal Jr./Agência Brasil)

O Governo Bolsonaro pediu propina de 1 dólar por dose de vacina AstraZeneca contra a covid19. A oferta era de 400 milhões de doses. A denúncia é do representante da empresa Davati Medical Supply, veiculada no início da noite desta terça-feira, 29, no Jornal Folha de São Paulo.

O representante da empresa Davati Medical Supply é Luiz Paulo Dominguetti Pereira. Ele narrou que ofereceu um lote de 400 milhões de doses da AstraZeneca e Roberto Ferreira Dias, diretor de logística do Ministério da Saúde, lhe fez o pedido de propina (veja abaixo).

O pedido teria sido feito no dia 25 de fevereiro, durante um jantar em Brasília. Nesta data, conforme narra o jornal Correio Braziliense (abaixo), o Brasil estava quebrando a barreira de 250 mil mortos por covid19. Roberto Dias havia sido colocado no cargo no dia 8 de janeiro 2019.

Na época, o ministro era Henrique Mandetta, que empregou Roberto Dias no cargo por indicação do então deputado federal, Ricardo Barros (PP-PR), líder do governo na Câmara. Barros está sendo apontado como o pivô do Caso Covaxin, tão grave quanto.

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O trecho a seguir é uma transcrição do Jornal Correio Braziliense.

Detalhes da "negociação"

"Eu falei que nós tínhamos a vacina, que a empresa era uma empresa forte, a Davati. E aí ele falou: 'Olha, para trabalhar dentro do ministério, tem que compor com o grupo'. E eu falei: 'Mas como compor com o grupo? Que composição que seria essa?'", detalhou Pereira, que ainda completou: “Ele me disse que não avançava dentro do ministério se a gente não compusesse com o grupo, que existe um grupo que só trabalhava dentro do ministério, se a gente conseguisse algo a mais tinha que majorar o valor da vacina, que a vacina teria que ter um valor diferente do que a proposta que a gente estava propondo".

Pereira reforçou que negou o pedido para participar de qualquer “grupo” e recebeu como resposta uma indicação de que a compra não ocorreria. “Eu falei que não tinha como, não fazia, mesmo porque a vacina vinha lá de fora e que eles não faziam, não operavam daquela forma. Ele me disse: 'Pensa direitinho, se você quiser vender vacina no ministério tem que ser dessa forma’”. Ao ser questionado sobre qual seria essa “forma”, o representante foi enfático: "Acrescentar 1 dólar". Segundo ele, US$ 1 por dose. "Dariam 200 milhões de doses de propina que eles queriam, com R$ 1 bilhão."

O Ministério da Saúde emitiu nota oficial na noite desta terça-feira (29/6), informando que a exoneração de Roberto Dias do cargo de diretor de Logística da pasta sairá na edição do Diário Oficial da União de quarta-feira (30). Ressaltou ainda que a decisão foi tomada na manhã de hoje.


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