É inegável a facilidade que o PIX proporciona para fechar negociações rápidas, mesmo que as pessoas estejam em regiões distantes uma das outras no território brasileiro. A transferência é rápida e sem taxas. Porém, ao instituir o PIX, surgiu também um campo fértil para os golpistas.
O golpe do momento é o “renda extra no pix.
Como ocorre?
Primeiro o golpista, geralmente usando um número internacional e chamado de “recepcionista”, faz contato via WhatsApp com a vítima, oferecendo a oportunidade de cumprir tarefas simples, como curtir e comentar páginas do Instagram, YouTube, Tik tok, Google Maps, etc. Por cada tarefa, os golpistas pagam de R$ 10 a R$ 20 reais, no pix. Prometem, geralmente, que no final do dia, a vítima vai ter ganho de 500,00 a 1.500,00.
Após colocar a vítima na trama, o primeiro golpista apresenta o comparsa, que ele o chama de professor (a). Explica que é para ensinar como fazer as tarefas mais difíceis e mais rentáveis.
Sugere que as vítimas entrem, sem compromisso, num grupo do Telegrama, que chamam de “Grupo de Tarefas”. Neste grupo, a vítima assiste conversas no Chat, de dezenas de perfis mostrando extratos de depósitos e também recebendo de volta valores baixos e altos (chamam de salários), acrescidos dos juros de 30% e 60%. Estes perfis dos Chat também cumprem missões, iguais às que as vítimas estão sendo orientadas a cumprir. É uma forma bem articulada que os golpistas usam para convencer (tapear) as vítimas a continuarem na trama, até o golpe final, com desfalque que chega a R$ 50 mil ou mais.
Acrescentam que a próxima missão da vítima é comprar criptomoeadas, para, assim, o corretor destas moedas subir nas cotações e ter lucros. O valor da primeira compra de criptomoedas vai de 100,00 a 500,00. A compra é feita direto no site, que os golpistas indicam endereço. Eles ensinam como botar dinheiro na plataforma e como comprar as moedas eletrônicas. Prometem lucro de 30% no valor investido na “tarefa”. Na primeira “tarefa de compra”, os golpistas devolvem os recursos acrescidos dos 30%, também via pix. É relativamente rápido e tudo facilitado, para aumentar a confiança da vítima.
A esta altura, se a vítima ainda está no jogo, os golpistas selecionam aqueles mais afoitos neste grupo do Telegram e os convida para participarem de um grupo reservado, no mesmo Telegram. Prometem que neste grupo “seleto” vai permitir lucros altos, que vai de 30% a 60% dos valores investidos, assim como acabara de testemunhar na prática. Para tanto, estabelecem 4 tarefas para este grupo de vítimas cumprirem.
Cada tarefa, a vítima recebe a missão para comprar criptomoedas, por valores predeterminado aleatoriamente. Os valores que vão de R$ 100,00 a R$ 300,00. Para receber o valor de volta acrescido dos juros prometidos, precisa comprar um pouco mais, geralmente um complemento, de R$ 80 a R$ 150,00. Neste primeiro momento, o valor é devolvido com os juros de 30%, assim como ocorreu na outra fase do golpe.
Partem para a segunda tarefa, já dizendo que de agora em diante os valores referentes a segunda, terceira e quarta serão pagos ao final. Alegam que é para facilitar o lucro maior, de 60%. Pedem o primeiro PIX que vai de R$ 800,00 a R$ 5 mil, depositado na plataforma indicada por eles. A terceira tarefa já vai ser de R$ 4 ou R$ 10 mil. Juntando a segunda e a terceira missão, a vítima já mandou PIX que vai de R$ 10 a R$ 15 mil, em valores acumulados. É neste ponto que os golpistas dão a última missão, ou seja, a tacada final: pedem mais um pix de R$ 15 a R$ 30 mil na plataforma e a compra das critomoedas, para, só então, iniciar o processo de devolução dos valores usados acrescidos de juros.
Não devolvem!
Relatos de 6 vítimas que procuraram o Portal Mossoró Hoje.
Histórias parecidas podem ser lidas também no G1 UOL, Estadão, O Liberal, Olhar Digital, O Capitalist
As vítimas podem reaver os valores "roubados" de volta
Veja como
Através da Lei 103 de 8 de junho de 2021, diz que a vítima deve fazer Boletim de Ocorrência e fazer uma reclamação no banco de sua conta, explicando os fatos. Anotem o protocolo. O banco aciona o Banco Central através do mecanismo que eles chamam de Mecanismo Especial de Devolução (MED). Com esta reclamação, o Banco Central terá onze dias para bloquear a conta destino do Pix, se lá ainda houver dinheiro, e devolver os valores de volta a conta da vítima. Menos de 5% vítimas reclamam os valores pedidos no Banco Central.