O número de projetos e o marco regulatório da energia eólica offshore (sobre o que se tornou o PL 576/2021) avançaram nesta semana, no Brasil, desenhando para 2025 “um ano de tomada de decisões e de ações cruciais” para o desenvolvimento da nova fronteira. A análise é do diretor do SENAI-RN, do Instituto SENAI de Inovação em Energias Renováveis (ISI-ER) e da FAETI – Faculdade de Energias Renováveis e Tecnologias Industriais do SENAI, Rodrigo Mello.
“Em 2024, nós vimos um vivo interesse mantido pelas grandes empresas no Brasil. O setor tem recursos para investir, tem demanda pela energia e precisa do ambiente regulado, do ambiente legal para tomar suas decisões. Então o marco regulatório e a regulamentação posterior darão o tom dos investimentos”, disse ele.
Dados divulgados na última terça-feira (10) pelo Ibama mostram que o país alcançou a marca de 244,56 Gigawatts (GW) em projetos cadastrados para licenciamento ambiental no órgão.
O número representa mais de 7 vezes o total instalado em parques eólicos em terra – na casa dos 33 GW. Também significa 10,33 GW a mais em relação aos 234,23 GW registrados para o offshore até abril deste ano.
Da potência total prevista, a maior parte (47,04%) é voltada à região Nordeste, puxada pelos estados do Ceará e do Rio Grande do Norte. A região Sul aparece em seguida, com 32,59% dos Gigawatts programados pelo setor. Outros 20,37% são estimados para o Sudeste.
Os números mostram a adição de novos projetos nos estados do Ceará, do Piauí, do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Sul.
Marco
O substitutivo ao Projeto de Lei (PL) 576/2021, aprovado nesta semana pelo Plenário do Senado, segue para sanção presidencial e ainda há possibilidade de vetos.
Proposto pelo então senador Jean Paul Prates (PT), o projeto autoriza a exploração de energia elétrica em futuros complexos no mar.
O texto, originalmente, regulava apenas a exploração de energia offshore. Mas o substitutivo aprovado pelos deputados — e confirmado quinta-feira (12) pelo Senado — acatou uma sugestão da Câmara dos Deputados que incluiu incentivos para a produção de energia gerada a partir do gás natural e do carvão mineral.
SENAI prepara primeira pós-graduação na área e edital para planta-piloto em Areia Branca
Em meio às movimentações do mercado e ao avanço do marco legal do setor, a FAETI se prepara para lançar, em 2025, o primeiro curso de pós-graduação em energia eólica offshore, assim como um MBI focado em energia eólica.
“Nós faremos o lançamento do MBI em parceria com a UniSENAI Santa Catarina. É um curso para quem trabalha no negócio e não necessariamente na área da engenharia do negócio. É o gestor, o presidente do Conselho, o advogado, o pessoal da comunicação, da TI (Tecnologia da Informação), enfim, o profissional que não trabalha diretamente com a tecnologia, mas que é fundamental para o desenvolvimento da cadeia”, diz Rodrigo Mello.
O lançamento de um “edital multiclientes” para empresas que queiram se engajar no projeto da primeira planta-piloto do Brasil para estudos voltados à energia eólica offshore também está programado para 2025.
“O edital vai possibilitar a adesão de interessadas em formar o funding do projeto, ou seja, o investimento para viabilizar a planta-piloto”, acrescenta o diretor.
O projeto, do SENAI, está à espera de licenciamento ambiental no Ibama. A planta-piloto de energia eólica offshore foi concebida pela instituição como unidade de pesquisa para nortear investimentos do setor, no mar, e prevenir impactos com a chegada dessa nova atividade industrial ao Brasil.
Dois aerogeradores, com potência somada de 24,5 Megawatts (MW), são previstos. As máquinas deverão ser implantadas a 4,5 km de distância do Porto-Ilha de Areia Branca, principal ponto de escoamento do sal produzido no Brasil. A região é considerada rasa e, segundo estudos desenvolvidos pelo ISI-ER, está distante de recifes de coral e das tradicionais zonas de pesca.