20 ABR 2024 | ATUALIZADO 11:18
NACIONAL
Da redação
24/01/2016 14:03
Atualizado
14/12/2018 01:39

Em plena epidemia, verba federal de combate ao Aedes cai pela metade

Dados mostram que, em dezembro de 2014, 32 cidades apresentavam mais de 300 casos por 100 mil habitantes. Em dezembro de 2015, esse número subiu para 135 cidades.
Fernando Frazão / Agência Brasil

No ano em que os casos e os óbitos por dengue bateram recorde no País e teve início um surto de microcefalia associada ao zika vírus, o Ministério da Saúde reduziu pela metade a verba extra repassada às prefeituras para ações de combate ao mosquito Aedes aegypti em comparação com 2013. O ano de 2013, até então, havia registrado a pior epidemia de dengue.

A verba é destinada ao piso variável de vigilância em saúde, recurso adicional do governo federal destinado aos Estados e Municípios para ações de prevenção e promoção de saúde, o que inclui medidas de combate ao Aedes. Em dezembro de 2013, após o Brasil registrar 1,4 milhão de casos de dengue e 674 mortes, a União autorizou o repasse extra de R$ 363,4 milhões para os Municípios. No ano seguinte, os registros e óbitos pela doença caíram para 589 mil e 475, respectivamente.

Em dezembro de 2014, o valor do piso variável diminuiu para R$ 150 milhões e, em 2015, quando o número de pessoas infectadas chegou a 1,6 milhão, com 863 mortos, o valor da verba extra voltou a cair, desta vez para R$ 143,7 milhões.

Outras fontes de financiamento

O piso variável não é a principal fonte de financiamento das ações de combate ao mosquito nos Municípios. O recurso permanente e mais volumoso é o do piso fixo de vigilância em saúde, que, no período de dois anos analisado, teve pequeno crescimento, passando de R$ 1,2 bilhão para R$ 1,27 bilhão. Somados os valores dos dois pisos, no entanto, houve queda nos recursos, de R$ 1,56 bilhão em 2013 para R$ 1,41 bilhão em 2015.

Os Municípios reclamam da falta de auxílio emergencial diante da possibilidade de uma nova epidemia neste ano. Presidente do Conselho dos Secretários Municipais de Saúde de São Paulo (Cosems-SP), Stênio Miranda afirma que algumas cidades já iniciaram o período crítico de transmissão, mas as prefeituras não têm condições financeiras de arcar com as necessidades extras apenas com recursos do tesouro municipal. “Em Ribeirão Preto, por exemplo, fizemos concurso para contratar 150 agentes de controle de endemias e não conseguimos convocá-los até agora porque não há dotação orçamentária”, diz ele, que também é secretário de Saúde municipal.

Necessidade imediata

Presidente da Sociedade Brasileira de Dengue e Arboviroses, Artur Timerman diz que, diante da situação emergencial de surtos de dengue e zika, a verba extra deveria ser ampliada. “Essa redução orçamentária é calamitosa. A situação do zika e da microcefalia é dramática e este é o momento de empenhar todo o esforço possível”, diz.

Em oposição a estes dasdos, o Ministério da Saúde afirma que tem ampliado, nos últimos anos, os recursos para o combate ao Aedes, com crescimento de 30% no valor do piso fixo entre 2010 e 2015. Diz ainda que há R$ 600 milhões adicionais encaminhados aos Municípios para o pagamento dos salários de agentes, além de R$ 500 milhões extras aprovados pelo governo federal diante da situação de emergência de zika e microcefalia. A pasta não detalhou em que ações será usado esse recurso e quanto desse montante poderá ser repassado aos Municípios.

Crescimento da epidemia

O número de Municípios que viviam uma epidemia de dengue, conforme os registros mais recentes (de dezembro de 2015), é 4,2 vezes maior do que o apresentado em dezembro de 2014. De acordo com Ministério da Saúde, em dezembro de 2014, 32 cidades apresentavam mais de 300 casos por 100 mil habitantes. Em dezembro de 2015, esse número subiu para 135.

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