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POLÍCIA
Da redação
28/01/2016 10:34
Atualizado
13/12/2018 10:55

Presos de Mossoró leem livros em troca de diminuição da pena

Cerca de 20 presos estão participando, inicialmente, do projeto "Releitura", idealizado pelo Conselho Nacional de Justiça. Os detentos são da Penitenciária Agrícola Mário Negócio.
Arquivo/Mossoró Hoje

Os primeiros 20 beneficiados com o projeto “Releitura – Remição pela Leitura e Produção de Texto na Execução Penal” foram escolhidos e começaram a leitura no dia 21 de janeiro.

A iniciativa da Vara de Execuções Penais de Mossoró foi lançada em setembro de 2015 e permite a diminuição da pena por meio da leitura. Atualmente o projeto abrange os custodiados da Penitenciária Estadual Agrícola Dr. Mário Negócio – CPEAMN, em Mossoró.

O projeto faz parte dos mecanismos usados para a remissão da pena, prevista na lei de execução penal. “Seguindo essa linha de resguardo da cidadania e de respeito à pessoa humana encarcerada, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) emitiu em 26 de novembro de 2013 a recomendação 44 na qual, em linhas gerais, orienta aos juízes de execução penal a efetivação da remição pelo estudo e acrescenta a possibilidade de redução da pena também pela leitura de obras literárias, científicas, filosóficas ou religiosas”, acrescentou o juiz da Vara de Execuções Penais de Mossoró, Cláudio Mendes Júnior.

Os livros que compõem o projeto são obtidos para o projeto por meio de doação e desde que foi anunciado, a iniciativa já arrecadou mais de 1000 livros, porém nem todos seriam apropriados aos apenados.

Por isso, houve uma seleção que chegou a 411 títulos, pois “não é toda obra que podemos disponibilizar, precisamos fazer uma seleção para que o livro não contenha nada que possa incentivar o crime”, ressaltou o servidor responsável, Henrique Aurélio. A partir daí, surgiu a iniciativa de criar um ambiente propício a leitura, com estantes e carteiras que estão sendo adquiridas.

Leitura precisa ser comprovada

Durantes esses quatro meses, também foram apresentadas oficinas pedagógicas aos apenados, além de filmes e aulas de como fazer uma resenha, que será o mecanismo usado para comprovar a leitura do livro.

A remissão consiste no abatimento de quatro dias de pena para cada obra literária lida, limitando-se a 12 obras por ano, uma obra por mês, e 48 dias de remição por ano.

Para essa primeira fase, foram escolhidos 20 apenados que serão acompanhados por 5 pedagogos da rede pública. Cada professor selecionou uma obra para o grupo de 4 custodiados, e eles têm 30 dias para fazer a leitura e apresentar uma resenha a respeito do título, após isso a resenha passa por um parecer técnico que será enviado ao juízo de execução para o abatimento dos dias.

Para fazer parte do projeto, o apenado deve ser alfabetizado, ter condições de escrever uma resenha e não ter comportamento negativo durante seis meses.

“A leitura, na medida em que enaltece o espírito de criatividade, melhora a visão de mundo, permite uma fluência maior nas comunicações interpessoais, potencializa do senso crítico e desenvolve a inteligência emocional e a capacidade de reflexão sobre os problemas sociais, ou melhor, torna a pessoa mais próxima do meio social, criando um verdadeiro sentimento de pertencimento ao meio. Isso é inserção social.”, ressaltou o magistrado.

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