A criação de animais silvestres já faz parte da cultura dos brasileiros, principalmente, no semiárido nordestino. Em Natal e interior do Rio Grande do Norte, a tradição não é diferente. As aves geralmente são tiradas dos ninhos ainda pequenas para a criação ou comercialização. Fato que preocupa os órgãos de fiscalização ambiental e chama a atenção para a extinção de animais como o papagaio e periquito, fácil de encontrar nos lares.
Em março deste ano, a Polícia Civil apreendeu cerca de 100 pássaros silvestres que estavam sendo comercializados numa feira livre em Natal. Apesar do apego que muitas pessoas têm por esse tipo de animal, sua criação em cativeiro e comercialização são crimes ambientais previstos na Lei Federal nº 5.197.
A criação e comercialização de animais silvestres como o papagaio ou periquito podem resultar em multa de, no mínimo, R$ 5 mil (por animal). No caso de animais que não estão em extinção, mas a criação é proibida, a multa é de R$ 500. É o que informa Carlos Cardoso, técnico do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) em Mossoró.
De acordo com Cardoso, a tradição de criar animais silvestres preocupa, principalmente, por conta da extinção de algumas espécies, como o papagaio. “Já é uma tradição das pessoas a criação desses animais em casa. Mas, é proibida por lei federal. Essa criação está levando a extinção de algumas espécies”, informou Cardoso.
Segundo Cardoso, as pessoas que criam animais silvestres em cativeiro são autuadas administrativamente e criminalmente. Cardoso lembra que a criação em cativeiro não se refere apenas a criar o animal dentro de gaiolas. Mas, sim todo animal silvestre que esteja impedido de viver no seu habitat natural. As aves, por exemplos, têm uma das asas cortadas para que não possam voar.
Outro crime ambiental que tem chamado bastante atenção é o consumo de animal silvestre. Na semana passada, um comerciante foi preso em Nova Parnamirim, por convidar pessoas a comerem carne de “peba” em seu restaurante. O comerciante foi multado em R$ 15 mil.
Sobre isso, Carlos Cardoso relata que a prática tem sido comum, e que o Ibama tem uma equipe focada em analisar redes sociais em busca destes tipos de crimes. “Estamos trabalhando para coibir essa prática na internet, identificando as pessoas que tem esses animais e colocam na rede”, concluiu.