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POLÍTICA
Da redação
14/10/2016 16:17
Atualizado
12/12/2018 23:06

A farsa do discurso do caos e a conta alta que Silveira pagou

Se tivesse ficado em sua zona de conforto, dizendo apenas que o município cumpre sua parte, o prefeito de Mossoró, Francisco José Júnior, estaria amparado pela lei, e aí sim, a situação seria caótica. Mas não foi isso que aconteceu.

Por Luziária Machado
12 de outubro de 2016

Sou jornalista por formação, e a cada dia prezo mais pelos critérios de noticiabilidade que aprendi na academia e no mercado de trabalho: objetividade, veracidade e imparcialidade.

Muito me preocupa, como profissional do jornalismo e como cidadã, o clima de caos que alguns veículos de comunicação estão tentando implantar, através da manipulação da informação, em Mossoró. De repente, é como se tudo tivesse parado de funcionar, de uma hora para outra, e uma nuvem negra estivesse sobre a cidade, um cenário catastrófico digno de um roteiro de Hollywood, de algum filme pós-apocalipse.

Dentro deste cenário, a saúde tem sido destaque. É bem verdade que a saúde pública no Brasil, assim como em Mossoró, enfrenta, como sempre enfrentou, grandes dificuldades. Mas precisamos ver além!

Só nos últimos dias, houve protesto nas Unidades de Pronto Atendimento; unidades básicas de saúde deixaram de funcionar; outras ameaçaram paralisar por atraso no pagamento do aluguel; foi suspenso por um dia o transporte dos pacientes transplantados para Natal e Fortaleza, tivemos problemas com as ambulâncias do SAMU e com a alimentação de pacientes. Tudo verdade! Assim como é verdade que Mossoró não pode arcar sozinho com esta conta, como está acontecendo.

Por lei, o município deve investir 15% em saúde. A mesma lei prevê que o Estado aplique 12% dos recursos arrecadados com a saúde pública. O município de Mossoró investe atualmente 32%, já o Governo do Estado, pelo menos em relação ao município de Mossoró, não tem cumprido seu papel. Resultado, o município cobre todas as despesas, ou a população morre.

Se tivesse ficado em sua zona de conforto, dizendo apenas que o município cumpre sua parte, o prefeito de Mossoró, Francisco José Júnior, estaria amparado pela lei, e aí sim, a situação seria caótica. Mas não foi isso que aconteceu.

Ele assumiu sozinho a abertura de uma terceira UPA na cidade. Ele assumiu sozinho os custos da UTI Pediátrica e também uma UTI adulto. Ele assumiu sozinho uma maternidade pública em Mossoró. Assumiu sozinho outras contas. E por isso tem sido tratado como bandido por uma força midiática tão forte e manipuladora, que transforma o direito de greve do servidor público em uma catástrofe nacional.

Outro exemplo é a segurança. Uma prefeitura deve promover políticas públicas para a prevenção à violência, mas as gestões passadas parece não ter feito o dever de caso, e hoje a cidade vive uma onda de violência sem tamanho. Mais uma vez, o prefeito puxou para si o problema e pagou essa conta também, que deveria ser exclusivamente do ente estadual.

Por assumir tantas contas que não eram suas e sofrer a maior queda de arrecadação da história desse município, vieram os problemas, os atrasos de pagamento de fornecedores, e mais recentemente, dos servidores. O que me deixa curiosa é saber que esses atrasos não acontecem somente aqui. Inúmeros municípios em todo o país enfrentam o mesmo problema. O próprio Governo do Estado está com a folha atrasada, e não é de hoje. Ou será que tem alguém vivendo em outro país, que não esteja nessa situação?

Mossoró não é mais um oásis. O petróleo jorrou aqui por muito tempo, movimentando a economia, mas agora acabou. O que vemos são pessoas desempregadas, comércio parado, empresas fechando. Então, deixemos de ser hipócritas e egoístas. Até porque quem mais fala está com o salário dos funcionários atrasados há pelo menos 6 meses, e os que pediram demissão até hoje nunca receberam os direitos trabalhistas.

E lembra dos problemas na saúde que citei no início? Todos eles foram noticiados exaustivamente no cumprimento de todas as normas técnicas e éticas do bom jornalismo. No entanto, os problemas foram solucionados mas vi somente alguns poucos veículos informando a retomada dos serviços ou reproduzindo as explicações que foram repassadas pela assessoria de comunicação da Prefeitura.

Será que somente o problema era de interesse da sociedade? Sua solução não?

Lembrem-se que o princípio da noticiabilidade é o interesse coletivo, não individual ou político.

Luziária Firmino Machado Bezerra
Graduada em.Comunicação Social, habilitação jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte
D.R.T 993/RN - Jornalista Profissional

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