Um vislumbre sobre quatro anos de letalidade violenta intencional no RN
A escalada da violência no Rio Grande do Norte se prenuncia há anos pela surdez parcial das administrações públicas que somente desejam estatísticas que apontem seus pretensos sucessos. Nos quatro anos de estudo da violência letal intencional no RN, buscamos entender onde e porque o crime se processa, criando oportunidade para que um policiamento preventivo ocorresse e para que ações de suporte social, educativo, gerador de empregos e de resgate a cidadania pudessem agir paralelamente para a redução efetiva da criminalidade.
O conceito de integração usando um corpo técnico, uma administração transparente e sem vícios de políticas de governo, se perdeu com já visto no mês de julho de 2015, e a chance de uma grande redução da criminalidade se transformou em 5,8% de redução. Um número baixo e que não se sustentaria em 2016. Afinal, são 6331 mortes causada pela ação intencional humana nesses quatro anos, e comemorar esses números sem políticas sustentáveis e duradouras não seria prudente.
Esse impacto mortal se dá principalmente nas mortes de jovens, e por isso segmentamos o gráfico acima dois grupos: as idades consideradas jovens (infantis, juvenis, adolescentes e jovens) e do outro lado as consideradas adultas (adultos, meia-idade e idosos). É fácil verificar a concentração 59% da mortandade nas idades jovens, um claro indicativo de que algo está muito errado com as ações sociais, educativas e de saúde.
Notemos como as CVLIs dão mostra de que a suscetibilização financeira é indicativo de fazer segurança pública apenas com a força policial, não traz resultados duradouros. Foram 3020 vidas extirpadas de pessoas que não possuíam nenhuma renda, que correspondem a 47,7% dos homicídios, e, foram 2903 vítimas que tinham sua renda em estimada entre um e dois salários mínimos, mostrando uma composição de 45,85% desse quadro de mortandade.
Esses dois primeiros grupos que são constituídos pelos sem renda, pelos que ganham um ou até dois salários mínimos, formam 93,55% das vítimas de homicídios desses quatros anos compreendidos entre 2012-2015, restando apenas 6,45% que possuíam rendas maiores.
Seria e continua sendo muito conveniente culpar a polícia, o comando delas, fazer trocas ocasionais de gestores todas as vezes que a balança da criminalidade pende para o lado desconfortável, mas assumir com a grandiosidade das ações que requerem um posicionamento de estado e não de governo da administração é algo que o Rio Grande do Norte sofre à duras penas.
Somando as etnias pardas e negras (pretas) obtemos 81% das vítimas de homicídios no RN em 4 anos, restando 18% de brancos e 1% daqueles que nem conseguimos definir a etnia.
Ao nos sensibilizarmos de que há um preconceito social incutido contra pretos (negros e pardos) pobres (sem renda ou com renda até 2 salários mínimos) e moradores de periferias, temos mais chance de frear a alavancada da insegurança pública e da violência.
A segurança pública do RN pecou pela não sustentabilidade de ações críveis envolvendo outros setores secundários que contribuem para a redução da insegurança em que os potiguares, passantes e moradores do estado elefante vivem.
As estatísticas acima nos dão um vislumbre sobre quatro anos de letalidade violenta intencional no RN. Elas são indicativas de que a impunidade continua alta, o tráfico de drogas continua crescendo, de que não adianta a polícia prender quando o estado não possui controle sobre um sistema carcerário onde proliferam-se fugas de centenas de criminosos perigosos e onde inexiste uma capacidade de ressocialização de apenados, devido ao excesso de lotação e da falta de condições pela não criação de vagas no sistema. Não são meros números, são informações prenunciativas para retirar a venda dos olhos e os tampões dos ouvidos daqueles que se recusam a enxergar a realidade da segurança pública potiguar.
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