O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, estimou para o dia 3 de fevereiro a chegada dos 5.400 litros de insumos importados da China para a produção da CoronaVac no Brasil, imunizante contra a covid-19 desenvolvido em parceria com o laboratório chinês SinoVac.
A previsão foi comunicada após reunião do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), com o embaixador da China no Brasil, Yang Wanming. Ontem (25), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) já havia adiantado que a liberação ocorreria nos próximos dias.
"Tivemos sinalização de que liberação do lote será feita de forma rápida, começando por esses 5,4 mil litros que foram anunciados ontem e chegarão com previsão na próxima semana, dia 3 de fevereiro. Na sequência outro volume de 5,6 mil litros que também foi mencionado pelo embaixador e está em processo adiantado de liberação", disse Dimas Covas.
O Butantan ainda não estimou quando a produção da vacina será retomada, Após fornecer 6 milhões de doses da CoronaVac ao Ministério da Saúde para dar início à vacinação contra a covid-19, o instituto começou na última sexta-feira (22) a distribuição de mais 4,1 milhões de doses que receberam o aval da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para a aplicação.
Mas a instituição ligada ao governo paulista aguarda há semanas a chegada de mais matéria-prima para produzir, envasar e rotular outros 11 milhões de doses.
A produção da CoronaVac na fábrica do Butantan parou no domingo passado (17) e, com isso, há risco de faltarem doses para serem distribuídas pelo PNI (Programa Nacional de Imunizações), o que poderia levar à paralisação da vacinação no país.
GUERRA DE VERSÕES
O anúncio ocorre um dia depois de uma nova guerra de versões entre Doria e Bolsonaro em relação à liberação dos insumos para a CoronaVac pela China.
Ontem, o presidente publicou um post adiantando a resolução com os chineses, parabenizando ministros do seu governo.
Doria, por sua vez, rebateu Bolsonaro, dizendo nas redes sociais que toda a negociação foi feita pelo governo paulista e o Instituto Butantan, que produz a vacina contra a covid-19 no Brasil.
O anúncio do presidente antecipou uma resolução do impasse que o próprio Doria tinha prometido para hoje.
Num ato pró-vacinação realizado ontem com os ex-presidentes da República Fernando Henrique Cardoso (PSDB), Michel Temer (MDB) e José Sarney (MDB), o governador paulista avisou sobre a reunião realizada hoje pela manhã com Yang Wanming.
O embaixador, entretanto, já havia compartilhado ontem a publicação de Bolsonaro, dando a entender que a questão já estava resolvida. Mesmo assim, Doria manteve a reunião.
Outro que diz ter participado diretamente da negociação é o ex-presidente Michel Temer. No evento com Doria, ele afirmou que tinha acabado de conversar com Wanming e foi otimista quanto à liberação dos insumos.
Depois, em entrevista ao "Brasil Urgente", da TV Bandeirantes, Temer voltou a dizer que deu "uma mãozinha" para a concretização da importação.