O Projeto de Monitoramento de Praias do Litoral dos estados do Rio Grande no Norte e Ceará (PMP-BP), estruturado pela Petrobras, realizou, nesta madrugada (30/04), em parceria com o Projeto Cetáceos da Costa branca da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (PCCB-UERN) e a Fundação para o Desenvolvimento da Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado do Rio Grande do Norte – FUNCITERN, uma operação para a translocação de dois peixes-boi para a praia de Diogo Lopes, em Macau (RN), onde está localizado o Recinto de Aclimatação.
O transporte dos animais foi realizado em caminhão e contou com apoio das Polícias Militar e Ambiental do estado, da Guarda Municipal de Areia Branca e do Corpo de Bombeiros. A viagem com um trajeto de aproximadamente 120 km é cuidadosa e o caminhão precisou manter baixa velocidade para garantir a estabilidade e o conforto dos animais e por isso foi realizada de madrugada. Os preparativos começaram no dia 29 e a chegada em Diogo Lopes aconteceu na madrugada do dia 30, por volta de 5:30h. Os animais foram estabilizados e transferidos para o recinto. Toda a ação foi realizada por equipe especializada e acompanhada presencialmente por técnicos do Ibama e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
O biólogo Flávio Lima, professor da UERN e coordenador geral do PCCB-UERN, responsável pela ação, explica que o local tem capacidade para até quatro animais simultaneamente, com área total de 690 m², incluindo estrutura de acesso, área de manejo e cercado dos animais, todos em madeira tratada e legalmente licenciada. A estrutura foi construída em um canal localizado na Comunidade de Diogo Lopes, mediante autorizações, licenças e anuências de todos os órgãos públicos competentes, incluindo o Conselho Gestor da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Estadual Ponta do Tubarão (RDSEPT). O IDEMA (Instituto de Desenvolvimento Econômico e Meio Ambiente) tem propiciado espaço para alojamento e reuniões da equipe no Ecoposto, sede da RDSEPT. A Prefeitura Municipal de Macau também ofereceu todo o apoio necessário à implantação do recinto.
Carinhosamente chamados pelos veterinários de Zé e Gabriel, os animais medem aproximadamente 2,55 metros e pesam 310Kg e 342 Kg, respectivamente. Zé (com 4 anos e 3 meses) e Gabriel (com 4 anos e 8 meses), foram encontrados encalhados e resgatados quando ainda eram neonatos, e estavam em recuperação no Centro e Reabilitação da Fauna Marinha do PCCB-UERN, em Areia Branca (CRF-AB), sob a supervisão de uma equipe multidisciplinar. Agora, passam a habitar o Recinto de Aclimatação até completarem o processo de reabilitação e posterior soltura em vida livre.
O veterinário Augusto Bôaviagem, responsável pelos cuidados dos peixes-boi, explica que é comum os animais encalharem nos primeiros dias de vida, sendo necessário cuidados e tratamento especializado. “Durante a reabilitação, os animais passam por periódicas avaliações de saúde e de comportamento. E após o período de desmame (20 a 24 meses) ou alcançando as condições clínicas e físicas necessárias, os animais estão aptos para serem translocados para o recinto de aclimatação”.
Durante aproximadamente seis meses os animais permanecerão neste espaço, projetado para que possam se adaptar ao ambiente natural, antes do retorno definitivo para natureza. Estes são os primeiros animais transportados para o local de aclimatação, construído no início deste ano. “Esta é uma etapa importante pois, antes de serem soltos, os animais necessitam se adaptar aos movimentos e oscilações das marés, correntes marinhas e temperatura das águas, por exemplo”, diz o biólogo Daniel Solon, gerente técnico operacional do PCCB-UERN.
Atualmente, 28 peixes-boi estão em reabilitação nas bases do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia Potiguar. Desde 2009 as equipes estão trabalhando na conscientização da população local para a preservação dos peixes-boi, uma das espécies de mamíferos aquáticos com maior risco de extinção no Brasil, sendo a região da Costa Branca no Rio Grande do Norte um dos principais locais de encalhes de filhotes.
“Após a reabilitação e readaptação esses animais serão soltos para o seu ambiente natural e, antes da soltura, recebem um número de identificação e um equipamento que permite localizá-los. Este rastreador muitas vezes chama a atenção da população e dos pescadores que, em alguns momentos, podem tentar retirá-lo do animal. Por isso, a importância do trabalho educativo com as comunidades locais, para explicar a funcionalidade e importância deste rastreador, já que serve para acompanharmos a adaptação, saúde e desenvolvimento do animal”, confirma Andressa Costa, profissional Petrobras que acompanha o PMP-BP.
Com o novo centro de aclimatação para peixe-boi marinho do Estado do Rio Grande do Norte, a Petrobras cumpre às exigências dos órgãos ambientais, além de entregar um equipamento de excelência para a preservação das espécies marinhas. Este é o terceiro recinto de aclimatação construído com o apoio financeiro da Petrobras, estando os outros dois localizados na Praia de Picos, em Icapuí (CE), e na Barra do Rio Mamanguape, em Rio Tinto (PB).
A Petrobras, por meio de empresas e instituições contratadas, vem atuando no resgate de neonatos de peixes-boi desde 2010. Atualmente, 28 peixes-boi estão em reabilitação nas bases do PMP-RNCE.
Estruturado e executado pela Petrobras para o atendimento de condicionante do licenciamento ambiental federal, conduzido pelo IBAMA, o PMP é o maior programa de monitoramento de praias do mundo. Atualmente, a Petrobras mantém quatro PMPs, que juntos, atuam em 10 estados litorâneos, acompanhando mais de três mil quilômetros de praias em regiões onde a companhia atua, trabalhando em parceria com diversas organizações científicas e comunidades locais. No Rio Grande do Norte, o trabalho é realizado em conjunto com o Projeto Cetáceos da Costa Branca da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte – PCCB-UERN por meio da Fundação para o Desenvolvimento da Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado do Rio Grande do Norte – FUNCITERN, instituições contratadas pela Petrobras.
O monitoramento é fiscalizado pelo IBAMA e compreende o registro, resgate, necropsia, reabilitação e soltura de mamíferos, tartarugas e aves marinhas, contribuindo para a gestão de políticas públicas para a conservação da biodiversidade marinha.
A sociedade também pode participar, acionando imediatamente as equipes ao avistar um animal marinho vivo ou morto, pelos telefones:
PMP-RNCE (RN) - (84) 98843 4621 e 99943 0058
PMP-RNCE (CE) - (85) 99800 0109 e 99188 2137