Nesta terça-feira (25) o promotor de justiça, Ítalo Moreira Martins, falou sobre o pedido de desaforamento do júri popular dos acusados do homicídio de Eliel Ferreira Cavalcante Júnior, e da tentativa de homicídio contra o então companheiro dele.
O pedido foi feito pelos advogados dos réus, na semana passada, ao Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte. Na alegação, afirmam que, devido a grande repercussão do caso e da cobertura feita pela mídia, a sociedade mossoroense, movida pela comoção, está motivada a condená-los.
Segundo o promotor, normalmente o local onde ocorre a prática do crime é o mesmo onde deve ocorrer o julgamento. Mas explica que tem algumas situações que podem fazer com que o julgamento seja desaforado, ou seja, transferido de uma comarca para outra.
Diante disto, ele explica que existe sim a possibilidade de um deferimento por parte da justiça, do pedido feito pela defesa. No entanto, o Ministério Público espera que este não seja o caso.
“Entendemos que a comarca de Mossoró, que os jurados de Mossoró ou a sociedade de Mossoró, já que quem julga é a sociedade, ela tem isenção suficiente para julgar não só esse como qualquer outro caso. Já aconteceram muitos júris em Mossoró, júris polêmicos, que chamaram a atenção da mídia, júris com muita cobertura da mídia e nenhum deles houve desaforamento. Todos eles foram julgados em Mossoró”, diz.
O promotor também afirma que desde quando começou a atuar no Tribunal do Júri Popular de Mossoró, não se recorda de nenhum julgamento que tenha sido desaforado para outra comarca por suposta falta de isenção dos jurados.
“Então, eu espero que o Tribunal de Justiça indefira o pedido da defesa, que o júri seja aqui realizado. Agora, se o Tribunal de Justiça entender por bem desaforar, então vai pra outra comarca e eu espero que na outra comarca, o julgamento se desenvolva tranquilamente e que possa se fazer justiça”.
Ítalo Moreira ainda reforçou que o papel da imprensa realmente é divulgar. E que alguns crimes possuem uma repercussão maior e que é normal que haja uma ampla cobertura da imprensa.
“A imprensa realmente vai cobrir de forma mais enérgica, de forma mais enfática, determinados crimes, porque são delitos que chamam mais atenção. Isso não acontece só no caso Eliel, pode acontecer em qualquer tipo de caso. E também, quanto as redes sociais, você não tem como calar as pessoas nas redes sociais, as pessoas realmente vão comentar. Eu sei que os comentários nas redes sociais nem sempre são aqueles comentários mais cuidadosos, mas como é que se vai impedir as pessoas de comentarem nas redes sociais? Então eu acho isso extremamente normal. A mídia divulgar, a mídia trazer os fatos relacionados ao julgamento, ao fato criminoso e a polêmica é decorrência do fato em si que gerou uma certa repercussão. Isso é absolutamente natural, isso acontece em Mossoró, isso acontece em qualquer cidade do Brasil onde um crime desta natureza seja praticado”.