Os advogados (nomes preservados) de defesa dos acusados de matar o jovem advogado Eliel Ferreira, mais uma vez, instigam a mídia a abordar o assunto: acrescentaram a peça jurídica que pede o desaforamento do processo de Mossoró para Natal a informação de que estão sendo ameaçados em comentários feitos em posts do Instagram (não diz qual).
O outro argumento levantado pelos advogados para tirar o julgamento do Caso Eliel de Mossoró é até mais absurdo do que alegar ameaça de morte em comentário num post de Instagram (?): acusam a mídia, de forma injusta e irresponsável, de parcialidade na cobertura dos fatos, o que é evidentemente uma informação falsa inserida no processo.
Primeiro, quem iniciou o fato foi o réu Ialamy Gonzaga, conhecido por Junior Preto, quando, no dia 9 de abril de 2022, tirou a vida do jovem advogado Eliel Ferreira Cavalcante Junior, de 25 anos, e tentou contra a vida do namorado dele: Lucas. Pelo fato das vítimas serem pessoas de bem, o caso ganhou naturalmente notoriedade na mídia.
O segundo fato é que Junior Preto fugiu do distrito da culpa, ficando escondido até o dia 25 de abril, quando se apresentou ao delegado Rafael Arraes, da Homicídios, e ficou preso por já existir uma ordem de prisão preventiva expedido pela Justiça ainda durante as investigações. Novamente, o réu, e não a acusação, mobilizou a mídia em Mossoró para o caso Eliel.
A declaração do réu Junior Preto de que havia matado Eliel Ferreira com 7 tiros por confundir a vítima e o namorado Lucas com assaltantes, deixou a família das duas vítimas e a sociedade como um todo ainda mais revoltada, por não haver qualquer sentido e macular a imagem das vítimas. Novamente a mídia foi acionada por colocações dos réus e não da assistência de acusação.
Junior Preto diz em depoimento que executou Eliel porque o confundiu com um assaltante
O advogado Edson Lobão, que no início do processo estava a serviço da família da vítima, passou narrar os fatos conforme havia se informado, chegando a cogitar que a real motivação de Junior Preto para matar Eliel Ferreira teria sido homofobia, e não como havia sido explicado pelo réu confesso de que teria matado por acreditar que era assaltante.
Este fato provocado pela declaração do réu e, obviamente com a reação da família em defesa da honra de Eliel Ferreira, terminou chamando atenção da deputada estadual Isolda Dantas, que pediu justiça para o caso. A deputada federal Natalia Bonavides, que é advogada, também cobriu agilidade das autoridades nas investigações e condenação do réu.
A notícia do Caso Eliel ganhou notoriedade em todo o Rio Grande do Norte, não por declaração do advogado e/ou família da vítima e, sim, mais uma vez em função da explicação sem o menor sentido do réu Junior Preto. O caso terminou sendo destaque no G1, RNTV, Patrulha Polícia, entre outros programas de grande audiência no Rio Grande do Norte.
As investigações avançaram e a polícia prendeu dois amigos de Junior Preto por coautoria do crime: Josemberg Alexandre da Silva, o Beberg, e Francisco de Assis Ferreira da Silva, o Neném. Os dois estavam trabalhando na construção civil quando foram algemados e presos. Este fato ocorreu em maio de 2022. Novamente não foi a família das vítimas Eliel e Lucas ou advogado a serviço das duas famílias, que mobilizou a mídia. Foi a própria polícia.
Polícia prende mais dois envolvidos no homicídio de Eliel
Ainda contrariando o que escreve os atuais advogados de defesa acusando a mídia de só divulgar as declarações da vítima e não a defesa do criminoso, na segunda quinzena de janeiro o caso Eliel voltou com força as páginas policiais, novamente por notícia incrementada no processo pela defesa dos réus do processo. Na época, alegaram que o caso não havia causado comoção popular que justificasse prisão preventiva do acusado Junior Preto e comparsas.
O pleito do advogado de defesa, obviamente, não prosperou. Bem antes, os três já haviam sido pronunciados pelo juiz Vagnos Kelly Figueiredo de Medeiros para julgamento popular. Os acusados contrataram mais advogados para o caso e estes novos advogados mudaram o discurso no processo, alegando, ao contrário de antes, que o caso teve enorme repercussão.
Com destaque para o fato de que, segundo os novos advogados, a mídia fez uma cobertura parcial dos fatos desde o início, publicando declarações apenas da assistência de acusação, da família, do Ministério Público e não dando devido espaço para os réus se defenderem. Esta é uma colocação falsa, uma vez que todas as vezes que a defesa se manifestou no processo, oficialmente, a mídia deu ampla cobertura e não existe dúvidas de que se algum dos três réus desejar formular alguma declaração a mídia, seja ela qual for, todos os veículos de comunicação publicariam tais fatos, como tem publicado ao longo do processo.
Com a acusação falsa de que a mídia fez cobertura parcial, portanto, injusta, os advogados de defesa dizem que a sociedade mossoroense está incapacitada para julgar o caso. Teria sido contaminada pela cobertura com “total parcialidade” da mídia.
Neste trecho da peça de defesa, os advogados passam a exibir colado, comentários publicados por leitores do PORTAL MOSSORO HOJE, no Instagram.
Alegam que haviam mais de 250 comentários, sem citar, no entanto, que o perfil do MOSSORÓ HOJE, em função de 8 anos de trabalho árduo, com responsabilidade e respeito, está atualmente com 202 mil seguidores e que alcançou, nos últimos 30 dias, 1,4 milhão de contas, ou seja, é natural que ocorra de 50 a 500 comentários num post de interesse popular num perfil com este alcance.
“Excelência, essas três publicações foi retirada como exemplo, pois existem diversas outras matérias com grande envolvimento da sociedade, processo que cada ato possuía materiais jornalísticos publicados por diversos jornais, blogs, TV, entre outros veículos de comunicação”, escreveu (íntegra) o autor da peça jurídica já ingressada no Tribunal de Justiça do Estado pedindo o desaforamento do processo da Comarca de Mossoró para Natal.
Através de advogado, a família narra que Eliel havia procurado Lucas, seu namorado, para conversar. Lucas mora em frente à casa de Junior Preto, o principal acusado. Eliel deixou o carro na casa de Lucas e deram uma volta a pé até a Praça de Convivência.
Quando voltaram, perceberam a aproximação de duas pessoas, foi quando ouviram os tiros disparados por Junior Preto e correram: Lucas para um lado e Eliel para o outro. Junior Preto teria gritado que os dois eram assaltantes e saiu em perseguição.
Numa esquina próxima, um ex-preso de justiça agarrou Eliel e o imobilizou com um golpe chamado de “mata leão”. Junior Preto se aproximou e efetuou cerca de dez tiros, acertando 7 tiros em Eliel e um tiro na perna do ex-preso de justiça que o segurava.
Nos últimos 30 anos, só ocorreu um desaforamento de processo criminal da Comarca de Mossoró para outra Comarca. Foi num caso que já havia sido desaforado da Comarca de Campo Grande para Mossoró. Depois que o processo chegou, estava para ser julgado, os jurados foram procurados por familiares dos réus. Neste caso, o então juiz presidente do Tribunal do Júri Popular, hoje desembargador Expedito Ferreira de Sousa, solicitou, por ofício, o envio do referido processo para outra comarca.