26 ABR 2024 | ATUALIZADO 10:01
NACIONAL
Da redação / Valor Econômico
24/02/2016 12:35
Atualizado
13/12/2018 14:08

Moody s tira grau de investimento do Brasil e mantém perspectiva negativa

A agência de classificação de risco rebaixou a nota do país em dois degraus de uma vez. Piora no perfil da dívida pública. Incertezas políticas motivaram a decisão.
Scott Eells / Bloomberg

A agência de classificação de risco Moody"s rebaixou a nota soberana do Brasil e completou o trio das grandes classificadoras a retirar o grau de investimento - uma espécie de selo de bom pagador - do país. Fitch e Standard & Poor"s já tinham efetuado essa ação.

Pela escala da Moody"s, a nota caiu dois degraus. Passou de "Baa3", último nível dentro da escala de grau de investimento, para "Ba2". A perspectiva é negativa - ou seja, com probabilidade de novo rebaixamento no futuro.

Segundo a agência, a decisão foi motivada por duas razões principais. Uma é a previsão de mais deterioração nas métricas da dívida pública em um cenário de baixo crescimento. A mais importante é a deterioração nos indicadores de dívida do Brasil, que resultará em um perfil de crédito “significativamente” mais fraco nos próximos anos.

A expectativa é que a dívida do governo continuará aumentando entre 2016 e 2018, provavelmente superando 80% do PIB antes de se estabilizar. “Esperamos que o crescimento do PIB no período 2016-2018 seja equivalente a uma média negativa de 0,5%. Além disso, esperamos que as taxas de juros permaneçam elevadas em termos reais, o que contribuirá com a baixa comportabilidade da dívida", informa o comunicado da agência.

A segunda razão é a "dinâmica política desafiadora", que, para os analistas, vai continuar a complicar os esforços do governo quanto ao ajuste fiscal, além de atrasar reformas estruturais. “O governo está trabalhando para obter apoio do Congresso para algumas reformas-chave, incluindo o aumento da idade mínima para aposentadoria e a redução da indexação das receitas.

"Porém, embora a discussão sobre reformas estruturais seja um elemento positivo, a aprovação dessas reformas pelo Congresso será difícil devido ao limitado apoio do governo no parlamento e aos desafios políticos enfrentados pela presidente”, informa a Moody’s. “O fraco apoio político à presidente e à sua administração oferece pouca perspectiva de reformas de maior alcance durante o horizonte rating".

Outras notas
Além do rebaixamento da nota em moeda estrangeira, a Moody’s cortou o rating em moeda local do Brasil, de Baa3 para Ba2, também retirando o grau de investimento. Além disso, o teto da dívida de longo prazo em moeda estrangeira foi reduzido de Baa2 para Ba1, enquanto o teto de dívida de curto prazo em moeda estrangeira foi alterado de P-2 para NP.

Houve ainda alteração no teto para depósitos de longo prazo em moeda estrangeira, de Baa3 para Ba3 e no teto para depósitos de curto prazo também em moeda estrangeira de P-3 para NP. Os tetos para dívidas de longo prazo e depósitos em moeda local foram rebaixados para A3. A perspectiva para as notas do país é negativa.

Outras agências
A Standard & Poor"s tinha retirado o grau de investimento do Brasil em setembro de 2015 e, na semana passada, voltou a cortar o rating do país, mantendo a perspectiva negativa. Na visão dessa agência, a qualidade de crédito do Brasil piorou nesse período em função da elevada incerteza política, que afeta os planos de ajuste fiscal, essenciais para avaliar a capacidade de pagamento do governo.

A diretora da S&P Lisa Schineller disse na semana passada, que esse segundo corte na avaliação de crédito do Brasil se deveu a questões domésticas que estão deteriorando o quadro fiscal do país.

Em dezembro, a Fitch Ratings tirou o status de grau de investimento do Brasil, apenas dois meses depois de ter realizado um primeiro corte, ainda dentro da escala de grau de investimento. Na época, a analista de ratings soberanos da agência, Shelly Shetty, citou a incerteza política elevada e as chances de piora na recessão econômica e no quadro fiscal como os principais fatores de risco.

Além da pouca demora nas ações e das menções à incerteza política e ao agravamento da recessão, as três agências têm em comum a perspectiva negativa das notas, sinalizando a probabilidade de novos rebaixamentos.

Notas

Publicidades

Outras Notícias

Deixe seu comentário