01 NOV 2024 | ATUALIZADO 19:03
POLÍCIA
CEZAR ALVES, DA REDAÇÃO
04/02/2019 17:05
Atualizado
04/02/2019 17:13

"Foi eu mesmo", confessa réu que será julgado nesta terça em Mossoró

Galego ou Branco contou em juízo que foi matar um inimigo de nome Clebinho numa bebedeira, mas este correu. Daí ele matou o primo dele, de nome Isaú Soares Dantas e nesta terça-feira serão julgado pela sociedade
Juiz Vagnos Kelly preside mais uma sessão do Tribunal do Júri Popular nesta terça-feira, 5.

O Tribunal do Júri Popular volta a se reunir nesta terça-feira, 5, no Fórum Municipal Desembargador Silveira Martins, na zona leste de Mossoró-RN.

Será julgado Rafael Michael Oliveira de Freitas, o Branco, acusado de tentar matar um inimigo chamado Clebinho e como não conseguiu, matou o primo dele Isaú Soares Dantas.

O crime segundo o MP/RN

"No dia 03 de novembro de 2013, por volta de 17h30min, no "bar da goiaba", situado na Rua das Cajazeiras, Bairro Dom Jaime Câmara, nesta urbe, o ora denunciado Rafael Michael Oliveira de Freitas, conhecido por "Branco ou Galego", utilizando de arma de fogo, por motivo torpe, tentou matar a pessoa identificada nos autos apenas por "Clebinho", não assassinando a vítima por circunstancias alheias à sua vontade, já que a vítima conseguiu escapar dos projéteis disparados contra a mesma. Nas mesmas circunstancias de tempo e lugar acima informadas, também por motivo torpe, fazendo uso de sua arma de fogo, o denunciado Rafael Michael, matou a vítima Isaú Soares Dantas ".

A confissão do acusado

INTERROGATÓRIO RAFAEL MICHEL OLIVEIRA DE FREITAS

[JUIZ]: Foi o senhor quem matou o Isaú?

[ACUSADO]: Foi eu mesmo.

[JUIZ]: Por qual motivo?

[ACUSADO]: Legitima defesa, senhor. Esse "Clebinho" que tava aqui, tinha matado dois da minha família, aí vivia me ameaçando. Vivia dando carreira em mim, ele e o irmão dele quando estavam bêbados, aí eu soube que ele estava tomando uma num bar, aí disse que ia lá. Minha família tudo chorando que era um rapaz direito...

[JUIZ]: Seu primo?

[ACUSADO]: Sim, não tinha envolvimento com droga, pode puxar que tem lá a família dizendo tudo. Não tinha coragem de pegar eu e pegou da minha família, matou uma criança de quatorze anos e esse de quinze anos. Aí pronto, ficou com "rixa" nós. Aí eu fui pegar "Clebinho", matar ele. Aí ele correu, aí pegou o irmão dele saiu correndo atrás de mim, eu ia saindo já. Aí o irmão dele bebo já saiu correndo atrás de mim. Aí fiz assim com o revólver, dei um tiro para trás. Tava até negando o revólver.

[JUIZ]: Se o "Clebinho" correu ele te viu.

[ACUSADO]: Viu, é porque ele não quer dizer, né?

[JUIZ]: Você chegou a apontar o revólver ou atirar? Você disse que ele estava quebrando, batendo "catolé", é isso?

[ACUSADO]: O revólver não prestava não. Ele só prestou porque eu "escalei". Aí saí na multidão, não peguei o que eu queria, né? Aí o irmão dele correu atrás de mim com a mão na cintura, aí eu disse, ele vai matar eu, eu dei um tiro para trás.

[JUIZ]:Você chegou a tentar efetuar outros disparos nesse dia?

[ACUSADO]: Não, só um para trás. Legitima defesa mesmo. Aí no momento lá, ele pegou voltou, pegou o revólver do irmão dele que tava na cintura e saiu em busca de mim, na mesma moto do irmão dele.

[MP]: Aí você arrolou essas testemunhas para trazer aqui para a gente ver?

[ACUSADO]: As testemunhas eu posso arrumar, quem tava lá no local.

[MP]: Porque assim vai só adivinhando, né?

[ACUSADO]: Mas eu sei quem tava lá mais ele, quem não estava.

[MP]: E você estava com quem nesse dia lá?

[ACUSADO]: Eu estava sozinho.

[MP]: E esse "pau de fogo" você tinha a quanto tempo?

[ACUSADO]: Esse "pau de fogo"? Numa moto velha que troquei, já para me vingar.

[MP]: Quanto tempo que você tinha ele?

[ACUSADO]: Comprei no dia que ele matou meu primo. (...)

[JUIZ]: Essa inimizade é decorrente de quê?

[ACUSADO]: Meu primo falava com ele, fumava droga com ele, sei lá o que "diabo" era. Sei que tinha envolvimento mais eles, tomando cachaça. Eles chamaram para tomar uma cachaça e esse "Clebinho" era de maior e meu primo que ele matou era de menor, aí fizeram um roubo, sei lá, sei que estavam numa moto roubada e a polícia pegou eles. Aí você sabe, quem é de maior se lasca e quem é de menor a justiça libera, aí pegue cadeia nele.

[JUIZ]: Cadeia em quem?

[ACUSADO]: "Clebinho". Quando ele saiu agora no ano novo, pegou meu primo e deu altas "capacetada", quase matava meu primo, chega amassou a cabeça.

[JUIZ]: Aí o problema era porque seu primo não quis assumir a culpa.

[ACUSADO]: Assumiu, mas a justiça não liberou. (...)

O Julgamento Popular deve começar às 8h30, sob os cuidados do juiz Vagnos Kelly Figueiredo de Medeiros. O promotor de Justiça Carlos Henrique Happer Cox, de Assu, está inscrito para atuar na acusação do réu em plenário.

Já o defensor público Diego Melo da Fonseca está inscrito para fazer a defesa do réu. Luana Sobra e Fábio Vieira da Silva foram intimados como testemunha no processo. O réu, que está preso, deve comparecer ao júri.


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