Entidades e políticos criticaram a publicação do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) que ironiza a tortura sofrida pela jornalista Míriam Leitão, do jornal O Globo, durante a ditadura militar.
Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas), Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo) e ABI (Associação Brasileira de Imprensa) foram algumas das associações a manifestarem repúdio pelo ato do parlamentar.
Políticos de diferentes partidos, como Ciro Gomes (PDT), Lula (PT), Simone Tebet MDB), Marina Silva (Rede) e Sergio Moro (União Brasil), também saíram em defesa da jornalista. Alguns partidos decidiram pedir a cassação do mandato do parlamentar.
Após repercussão, o parlamentar voltou a se pronunciar pelas redes. "Me odeiam, desejam a morte de minha família e agora pedem respeito e querem minha cassação por eu ter feito uma piada."
"A verdade é que o povo já não conhece mais a verdade pelos olhos das Globo. Daí meus inimigos apelarem para o tapetão", escreveu.
No domingo (3), Eduardo publicou a imagem da última coluna da jornalista e escreveu: "Ainda com pena da [emoji de cobra]".
Míriam estava grávida quando foi presa e torturada por agentes do governo durante a ditadura. Em uma das sessões, ela foi deixada nua numa sala escura com uma cobra.
O filho do presidente também compartilhou, nesta segunda (4), um vídeo no qual faz críticas à imprensa.
Segundo ele, "sobre a questão da cobra, existe apenas a palavra da Míriam Leitão dizendo que isso ocorreu".
No vídeo, que mostra manchetes de reportagens e colunas de vários veículos, o parlamentar afirma que "se eles de fato se preocupassem com uma democracia saudável, com o combate ao discurso de ódio, eles não se indignariam com chamadas de jornais como essas?".
"Não estão realmente preocupados com um tuíte que eu dei e que eu possa ter ofendido a Míriam Leitão, estão preocupados em sair como vítimas e colocar em mim a pecha de torturador, de ser extremista, quando na verdade é justamente o contrário."
A Fenaj repudiou a declaração do deputado Eduardo Bolsonaro e disse que defende a imediata abertura de processo ético contra ele.
A entidade lembra que "não foi a primeira vez que Eduardo Bolsonaro, filho do presidente Jair Bolsonaro, tratou a tortura como uma prática banal e defensável. Também não foi a primeira vez que a jornalista Míriam Leitão foi desrespeitada pela família Bolsonaro, em sua história de militante e presa política".
Com informações da Folha de São Paulo.