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ESTADO
Da redação
14/01/2016 09:47
Atualizado
13/12/2018 19:59

Por falta de material, médicos são obrigados a escolher quem vai nascer

Problemas no Hospital da Mulher superlotam a Maternidade Almeida Castro. O delegado regional do CRM, médico Manoel Nobre, afirma que denunciou o caso à Justiça Federal há 3 meses e espera uma decisão
Cézar Alves

A falta de materiais básicos de saúde vem prejudicando a realização de cirurgias (partos cesários) no Hospital da Mulher Parteira Maria Correia, em Mossoró. Recentemente, médicos que atuam na unidade tiveram que escolher, entre cinco mulheres, quais delas fariam o parto. A denúncia é do delegado do Conselho Regional de Medicina (CRM), o obstetra Dr. Manoel Nobre.

O Hospital da Mulher foi projetado e aberto para ser referência regional para partos de alto risto, ofertando serviços de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) neonatal, intermediário, adulta. A unidade, que atende pacientes de toda a região Oeste, é de responsabilidade do Governo do Estado.

Em entrevista ao MOSSORÓ HOJE, o delegado regional do CRM, médico Manoel Nobre, relatou que materiais como luvas, roupa cirúrgica, alimentação parental, medicamentos e o serviço de ar-condicionado têm faltado na unidade, fato que impede realização até de cirurgias.

“É absurdo um médico chegar no hospital e ter que escolher entre cinco grávidas, quais delas deve fazer o parto, por causa de falta de material”, reclama 0 delegado do CRM Manoel Nobre, que também é obstetra do Hospital da Mulhe,r indignado com a situação, que segundo ele, é caótica.

Há três meses, o Conselho Regional de Medicina, juntamente com a Ministério Público Federal, Junta de Intervenção do Hospital Maternidade Almeida Castro e Prefeitura de Mossoró, ingressou uma ação na Justiça Federal contra o Estado, cobrando repasse dos recursos para manter os serviços de alta complexidade em Mossoró.

Serviços de saúde de baixa e média complexidade são de responsabilidade da Prefeitura de Mossoró, com recursos do Governo Federal. Já os serviços de alta complexidade, emergência e urgência são de responsabilidade do Governo do Estado.

Para a peça judicial entregue ao juiz federal Orlan Donato, “foram feitas vistorias tanto no Hospital da Mulher quanto no Hospital Regional Tarcísio Maia, e foi encontrada situação parecida, falta de medicamentos é um exemplo”, explica o médico Manoel Nobre.

O CRM está aguardando a decisão da Justiça Federal, que na opinião do médico, será positiva para melhorar os serviços de saúde de Mossoró, especialmente no que se refere a obstetrícia e UTI.

O médico relata que com o não funcionamento de alguns serviços no Hospital da Mulher, o atendimento acaba sendo transferido para o Hospital Maternidade Almeida Castro.

Segundo Manoel Nobre, “está superlotado, a situação está se tornando quase inviável. Não é possível um hospital realizar o trabalho de dois”.

O Almeida Castro está sob intervenção judicial federal desde 2014, e atende casos de baixo, médio e alto risco. Os serviços estão sendo mantidos com o apoio da Prefeitura de Mossoró, atraves da Secretaria Municipal de Saúde. Recentemente, foram reabertos 9 leitos de UTI adulto na unidade e já havia aberto um centro cirurgico com 4 salas, inclusive ortopédico.

Em contato com a diretora do Hospital da Mulher, Hugnária Araújo, o MOSSORÓ HOJE confirmou que a unidade vem sofrendo com o desabastecimento.

Araújo explicou o motivo do problema. “Está acontecendo por causa de problemas burocráticos do Estado. Isso está acontecendo em todos os hospitais do RN e não só aqui”, relatou.

Contudo, a diretora esclarece que o serviço vem sendo mantido, mesmo com as deficiências. “Tanto é que hoje está lotado. No dia que temos como, nós atendemos, quando não temos, não temos como fazer”, afirmou.

A diretora explica que quando estão em falta materiais como luvas, por exemplo, a solicitação dos mesmos é feita ao Estado. Mas, por problemas burocráticos, acaba acontecendo uma demora. “Faltando sempre está, mas estamos conseguindo manter o funcionamento”, concluiu.

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